sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

VEJA on line: Velejadores do Projeto Grael vão cruzar o Atlântico

Vela
A aventura de quatro brasileiros na travessia do Atlântico

Alunos do Projeto Grael, de Niterói, vão competir em regata que parte dia 15 da Cidade do Cabo, na África do Sul, rumo ao Rio de Janeiro

Flávia Ribeiro, do Rio de Janeiro


Hallan, Alex e Samuel, em um dos barcos de treinamento do Projeto Grael, em Niterói: quarto integrante, Allan vai se juntar ao grupo para a travessia (Foto Ismar Ingber)

Ouro nas Olimpíadas de Atlanta (96) e Atenas (2004), o iatista Torben Grael já tinha duas medalhas olímpicas (um bronze e uma prata) em 1993, quando completou sua primeira regata oceânica. Experiente e vencedor, Torben tinha 33 anos quando participou da Cape Town-Rio, regata tradicional que sai da Cidade do Cabo, na África do Sul, para o Rio de Janeiro. Hoje, Torben se enche de orgulho ao ver que quatro jovens do Projeto Grael participarão da mesma regata oceânica na qual ele estreou. Samuel Gonçalves, de 23 anos; Hallan Batista, 22; Alex Sandro Mattos, 21; e Allan Tavares, de 18, partem dia 15 da Cidade do Cabo para uma travessia de pelo menos 20 dias em mar aberto, num barco de 41 pés, ao lado de dois iatistas sul-africanos experientes. Serão os únicos brasileiros da regata.

“Vai ser uma experiência muito enriquecedora para eles. Primeiro, por conhecerem a África do Sul. Depois, pela regata em si. Quando eu participei, fui achando que a regata era algo como cruzeiro, então nós fomos com um barco mais adequado a isso, e nos deparamos com um monte de barcos de competição. Eles, não. Já vão com um barco de regata mesmo”, comenta Torben, que acredita no potencial dos quatro pupilos: “Os quatro têm participado de muitas competições e têm experiência de vela oceânica”.

O instituto, que funciona em Niterói, foi criado há dez anos por Torben, Lars e Axel Grael e Marcelo Ferreira, para promover a educação, através da vela, para crianças e adolescentes de comunidades carentes de Niterói e São Gonçalo. Um ano depois, Samuel Gonçalves, então com 14 anos e 98 quilos, assistiu a uma palestra sobre o projeto em sua escola. Apaixonou-se imediatamente. Entre 2001 e 2004, fez os cursos básico e avançado, que incluem disciplinas como carpintaria e mecânica, ganhou o certificado da Federação Brasileira de Vela como gerente de barcos e tornou-se tricampeão brasileiro na classe Ranger. Estudante de Desenho Industrial na UERJ, Samuel não se esquece das vezes em que ficou na frente até de seus ídolos.

“Em 2009, fui convidado por um suíço para velejar com ele no Sul-Americano de Vela, pela classe Star, que é olímpica. Na classificação final, não deu, mas teve uma regata em que cheguei à frente do Torben! Depois, fui convidado por um brasileiro para disputar o Europeu da Star na Itália. Eram 143 barcos e chegamos em terceiro lugar em uma das regatas, na frente do Robert Scheidt. Nesse dia até pulei na água na chegada. Outra grande emoção foi quando o Torben me chamou para velejar ao seu lado, este ano, na Soto 40”, lembra ele, que hoje, nove anos depois de seu primeiro contato com a vela, pesa 85 quilos: “O Projeto Grael mudou minha mente e meu corpo”, afirma.

Em 2002, Alex Sandro soube por um amigo que havia vagas em um projeto social da triatleta Fernanda Keller, que ficava em um contêiner em Charitas. Foi até lá, mas entrou no contêiner errado. “Naquela época o Projeto Grael não tinha ainda sede própria, ficava num contêiner vizinho ao da Fernanda. Quando percebi meu erro, resolvi saber do que se tratava. Gostei e fiquei. Fiz o curso básico de Optimist e quase todos os profissionalizantes, como mecânica diesel, marcenaria, eletrônica e fibra de vidro. Depois, fiz o de vela avançada”, enumera o rapaz, que é filho de empregada doméstica e está tentando entrar no curso de Construções Navais, da Faetec.

Hallan interrompe para explicar que não basta saber velejar: “Numa regata, é você quem cuida do seu barco. Tem que saber tudo”, diz ele, que chegou ao Projeto em 2005, junto com seu irmão gêmeo, Rennan, e seis meses depois já participava de regatas na Bahia. Filho de uma diarista e de um pescador, Hallan sonha dar a volta ao mundo através da vela. “A Cape Town é um primeiro passo. Quero participar da Volvo Ocean Race, que dá a volta ao mundo”, diz. Samuel também sonha com a Volvo, enquanto Alex pensa nas Olimpíadas do Rio, em 2016. Para Allan, filho de uma costureira, o objetivo é entrar na Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante e se tornar prático de porto.

Enquanto isso, o rapaz auxilia um professor de windsurfe no Clube Naval de Niterói, faz entregas de barcos em outros estados brasileiros e, eventualmente, um trabalho de mecânica em barcos, fruto de seu aprendizado nos cursos profissionalizantes do Projeto. Ele é o caçula do grupo não só em idade: só entrou no instituto há três anos e só soube que iria para a Cidade do Cabo quase um mês depois dos outros. “Na época em que estavam selecionando o pessoal, me ligaram, mas eu estava entregando um barco em Santos e meu celular estava desligado. Fiquei chateado por ter tido esse azar, mas ao mesmo tempo feliz por ter sido colocado na reserva. Era sinal de que eu tinha capacidade para substituir qualquer um dos três. Então me ligaram dia 23 de dezembro para dizer que decidiram que nós quatro iríamos. Fiquei muito feliz, foi um presente de Natal!”, comemora.

Os quatro repetem a todo o momento que o foco do Projeto Grael não é a competição. Mas não escondem que a meta de cada um deles é essa. “Isso é mérito individual. E, quando você vai participar de um campeonato desses, já tem que entrar no barco sabendo o que fazer. A gente aprende no Instituto. Numa competição, ninguém vai parar para te ensinar”, diz Samuel, que conclui: “É difícil, mas nosso objetivo é viver da vela”.

"Quando eu participei, fui achando que a regata era algo como cruzeiro, então nós fomos com um barco mais adequado a isso, e nos deparamos com um monte de barcos de competição. Eles, não. Já vão com um barco de regata mesmo”, diz Torben

Entre os aprendizados da regata, o desafio da convivência


O grupo que vai cruzar o Atlântico: convivência com culturas e idiomas diferentes faz parte dos obstáculos da travessia (Foto Ismar Ingber)

Durante a regata, os quatro jovens velejadores terão que vencer uma série de obstáculos, desde a alimentação, com comidas desidratadas, até a barreira da língua. Samuel fala inglês, os outros dizem que ficam no “embromation”, mas todos acreditam que a comunicação entre iatistas é universal. “Nessas provas longas, o pior pode ser a convivência. Já velejei com um sujeito que queria descer de Búzios às onze da noite, debaixo de uma tempestade. Numa outra vez, velejei com um cara que bebia sem parar. Nós quatro nos conhecemos, isso vai ajudar”, torce Hallan.

Eles pretendem unir suas experiências para que a viagem corra o mais tranquilamente possível. Por mais que todos venham do mesmo projeto, cada um tem uma vivência diferente lá dentro. Hallan participou do curso Terra à Vista, em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), com foco no meio ambiente.

“Depois do curso, trabalhei por seis meses no projeto Águas Limpas, de monitoramento do lixo”, conta. Já Allan é piloto do Peixe-Galo, catamarã a energia solar pelo qual correu, por exemplo, uma regata em Paraty, no ano passado.

Samuel trabalhou como árbitro em competições importantes de Vela, como o Pan-Americano do Rio, em 2007. “Parei depois de um tempo, porque queria me concentrar em ser iatista, não juiz”, diz ele, que fez o ensino médio técnico em Máquinas Navais na Faetec e hoje cursa o oitavo período de Desenho Industrial na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Alex, o mais calado dos quatro, conta que venceu grande parte da timidez graças ao projeto. “Eu era individualista, preguiçoso e retraído. Continuo tímido, mas bem menos. Hoje sei trabalhar em equipe e já conheci muita coisa”, diz, lembrando que participou do Campeonato Espanhol de snipe e que é tricampeão brasileiro de Ranger, como Samuel: “Estávamos juntos nessa”, destaca.

Torben lembra que o projeto mudou muito desde seu início, e que isso reflete nas experiências desses jovens. “No começo, o projeto era só uma escola de vela. Hoje, é muito mais que isso, ensina desde natação até uma série de cursos profissionalizantes. Alguns deles trabalham em barcos, e isso permite que continuem velejando”, diz.

Fonte: Revista Veja,
30/12/2010 - 16:25

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INFORMAÇÕES RELEVANTES

A participação da equipe do Projeto Grael foi possível graças aos seguintes apoios:

- Consulado Geral do Brasil na Cidade do Cabo, África do Sul.
Embaixador Joaquim Whitaker Salles e Pedro da Cunha e Menezes
- John Martin, comodoro do Royal Cape Yacht Club, organizador da Regata.
- Patrocínio da empresa Wellstream.
- Apoio da empresa G-Comex

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Contribuições para a discussão do tema Lixo Flutuante


Lixo na Enseada de Jurujuba, Baía de Guanabara. Foto de Axel Grael, 2006.
Embarcação Águas Limpas, operada pelo Projeto Grael com profissionais formados no seu programa Profissionalizante. O Águas Limpas opera todos os dias limpando a Baía de Guanabara.


Importância da prevenção, do controle e da retirada do lixo flutuante

PROBLEMAS CAUSADOS PELO LIXO FLUTUANTE
Impactos sobre a fauna. Existem muitos incidentes em que mamíferos aquáticos, aves, quelônios (tartarugas) e outros animais acabam presos ou ingerem sólidos que encontram no mar. O problema muitas vezes causa a morte destes animais

Obstáculo à navegação: o lixo flutuante tem causado problemas para a navegação de embarcações comerciais e de recreio. É o caso do transporte de passageiros entre Rio e Niterói. Com certa frequência as barcas e catamarãs têm a sua operação interrompida motivado pelo lixo. Embarcações esportivas e de recreio também sofrem as consequências do problema. Por exemplo, durante a realização das provas de vela do Jogos Panamericanos de 2007 na Baía de Guanabara foi necessária a mobilização de embarcações do Plano de Emergência da Baía de Guanabara, criado para atender situações de vazamento de hidrocarbonetos (óleo e outros combustíveis), para evitar que o lixo flutuante atrapalhasse as competições. Em janeiro de 2010, quando o Rio de Janeiro sediou o Campeonato Mundial da Classe Star, uma das maiores reclamações dos velejadores estrangeiros foi a grande presença do lixo flutuante. Devido a presença do lixo, velejadores da Baía de Guanabara já se acostumaram a dar ré em suas embarcações antes das regatas para desprender eventual lixo que tenha se aderido à quilha ou leme dos barcos. Caso o problema não seja revertido, estes constrangimentos poderão ser um obstáculo para as provas de vela na Baía de Guanabara e também, embora em menor escala mas igualmente grave devido ao contato direto dos atletas com a água, as provas de maratona aquática que se realizarão em Copacabana.

Credibilidade do programa de despoluição: o mal aspecto causado pela presença do lixo flutuante desmoraliza todo o investimento público e privado que é realizado pois diante do aspecto de sujeira, é difícil para a população acreditar que tenha havido alguma melhoria na qualidade da água. É o que acontece com as praias da Zona Sul de Niterói.

Lixo flutuante custa caro: a poluição e o lixo flutuante custam muito caro. A administração pública é obrigada a reforçar as equipes de limpeza de praias a cada vez que verificam-se fortes chuvas devido à quantidade de lixo que chega às praias. A poluição também afasta o turismo e o lazer prejudicando a economia. Devido à poluição, um grande contingente da população vê-se compelida a buscar as praias mais afastadas para a sua recreação. Com isto aumentam os gastos com o transporte, verificam-se os engarrafamentos típicos de verão e há desperdício de tempo.

O lixo é um grande problema quando flutua, mas também quando afunda. Uma atividade de rotina na Baía de Guanabara, principalmente nas regiões portuárias, industriais ou áreas críticas de assoreamento é a execução de dragagens. Uma das grandes dificuldades destas intervenções é que as dragas precisam ser adaptadas para poder operar com a grande quantidade de lixo que vem com os sedimentos. Isto acarreta na diminuição da eficiência da operação, no aumento do tempo de aluguel destas dragas, e o aumento do custo de manutenção. Além disso, apesar dos cuidados, uma grande quantidade de sólidos acaba sendo succionados pelas dragas e são carreados para o local final de lançamento. No caso da Baía de Guanabara, ainda são utilizados pontos de descarte em mar aberto. Isso faz com que aumente a quantidade de lixo nas ilhas e praias oceânicas nas proximidades da Baía de Guanabara.

Doenças: a presença do lixo pode ser associado a alguns problemas à saúde pública. Infelizmente, no lixo encontrado no mar podem ser vistos animais mortos, resíduos hospitalares (medicamentos, seringas, etc), artigos de higiene usados e, para a repulsa de quem ama o mar, até mesmo uma grande quantidade de preservativos (camisinhas!!!).


Soluções:

Investimentos em saneamento e melhoria na prática da coleta e disposição final do lixo

• Implementação de políticas públicas e legislação que evite o uso desnecessário de embalagens descartáveis: garrafas PET, sacolas plásticas, etc.

Educação e medidas coercitivas que evitem o descarte indevido do lixo pela população.

• Implantação e manutenção de ecobarreiras

• Desenvolvimento de iniciativas como o Projeto Águas Limpas


Por Axel Schmidt Grael

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Fonte: Publicado originalmente pelo Projeto Grael no Blog do Projeto Águas Limpas. O Projeto Águas Limpas é uma iniciativa do Projeto Grael, com o apoio da empresa Águas de Niterói, da CLIN (Prefeitura de Niterói) e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. A principal ação do Projeto Águas Limpas é a operação de uma embarcação especialmente construída para retirar o lixo flutuante e é operado por profissionais formados pelo Projeto Grael. Saiba mais acessando o Blog do Projeto Águas Limpas.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Mudanças climáticas e crescimento urbano no litoral paulista preocupam cientistas

Mudanças climáticas, somadas ao aumento populacional, podem aumentar as vulnerabilidades socioambientais das cidades do litoral paulista aos eventos climáticos extremos, indica pesquisa

Combinação desastrosa

27/12/2010

Por Elton Alisson

Agência FAPESP – As mudanças climáticas, somadas ao crescimento populacional causado, em grande parte, pela construção de empreendimentos voltados à exploração de petróleo e gás, podem aumentar as vulnerabilidades socioambientais das cidades do litoral do Estado de São Paulo aos eventos climáticos extremos, segundo pesquisa feita no Núcleo de Pesquisas Ambientais (Nepam) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

De acordo com Lúcia da Costa Ferreira, coordenadora da pesquisa, por suas próprias características ecológicas a zona costeira do litoral paulista já é muito sensível a qualquer alteração climática, como chuvas intensas. Com o aumento do número de moradores nos últimos anos, atraídos pela oferta de emprego principalmente no setor petrolífero, a infraestrutura das cidades litorâneas do Estado de São Paulo tende a piorar. Em função disso, elas podem se tornar mais frágeis para enfrentar os riscos de acidentes e desastres naturais, como deslizamentos de encostas e inundações.

“Há locais na faixa litorânea onde a área disponível para ocupação humana, que vai do sopé do morro ao mar, é muito pequena. Qualquer alteração no nível no mar nessas áreas pode provocar impactos violentos”, disse Lúcia à Agência FAPESP.

Para identificar as vulnerabilidades socioambientais apresentadas pelos municípios situados em todo o litoral do Estado de São Paulo em relação aos possíveis impactos das mudanças climáticas, e identificar quais as adaptações terão que promover para enfrentá-las, foi iniciado em 2009 o Projeto Temático "Crescimento urbano, vulnerabilidade e adaptação: dimensões ecológicas e sociais de mudanças climáticas no litoral de São Paulo", apoiado pela FAPESP.

Coordenado inicialmente por um dos principais especialistas no Brasil em demografia e mudanças ambientais, o professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), da Unicamp, Daniel Joseph Hogan, que morreu em abril, o projeto multidisciplinar é dividido em quatro componentes.

No primeiro, “Crescimento e morfologia das cidades e vulnerabilidades das populações, infraestruturas e lugares”, liderado pelo professor do Departamento de Demografia do IFCH-Unicamp, Roberto Luiz do Carmo, estão sendo analisados o crescimento populacional das cidades litorâneas paulistas, as vulnerabilidades das populações e suas infraestruturas para enfrentar os eventos climáticos.

No segundo componente, intitulado “Mudança ambiental global e políticas públicas em nível local: riscos e alternativas” e coordenado pela professora do Departamento de Sociologia do IFCH-Unicamp, Leila da Costa Ferreira, são estudadas as iniciativas que estão sendo tomadas pelos gestores municipais para preparar as cidades litorâneas paulistas para possíveis mudanças ambientais e impactos das alterações climáticas.

O terceiro componente, “Conflitos entre expansão urbana e cobertura florestal e suas consequências para a mudança ambiental global no Estado de São Paulo”, coordenado por Lúcia, avalia as dinâmicas sociais e os conflitos que estão ocorrendo na região devido à contraposição da expansão urbana com a existência de áreas protegidas na região por inúmeras unidades de conservação ambiental.

No quarto componente, “Expansão urbana e mudanças ambientais no litoral nordeste do Estado de São Paulo: impactos sobre a biodiversidade”, coordenado pelo professor do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp e coordenador do programa Biota FAPESP, Carlos Alfredo Joly, estão sendo pesquisados os impactos da expansão urbana e das mudanças ambientais sobre a biodiversidade da região.

“Por meio desses quatro componentes, quisemos abranger tanto as dinâmicas sociais e demográficas, em que o foco são os conflitos sociais e as respostas políticas e institucionais dessas cidades litorâneas para os problemas causados pelas mudanças climáticas, quanto as ecológicas e botânicas, em que o objeto de estudo é a biodiversidade”, disse Lúcia.

Primeiros resultados

Na primeira etapa do projeto, que está sendo concluída no fim de 2010, os pesquisadores identificaram e caracterizaram as dinâmicas sociais, além dos atores governamentais e não governamentais que estão envolvidos nas discussões sobre os impactos das mudanças climáticas nos 16 municípios do litoral paulista.

Paralelamente a esse trabalho, também fizeram um levantamento de experiências em políticas públicas existentes na região relacionadas ao enfrentamento das mudanças climáticas, como fóruns de discussão.

“O número de iniciativas como essas na região se revelou acima da média do que imaginávamos. Há um grande interesse das administrações, principalmente dos municípios de Bertioga, Caraguatatuba e São Sebastião, em manter uma cooperação conosco para a realização de debates e palestras sobre os impactos das mudanças climáticas”, disse Lúcia.

Segundo a pesquisadora, juntamente com Ubatuba, os municípios de São Sebastião e Caraguatatuba, no Litoral Norte de São Paulo, concentram o maior número de novos empreendimentos voltados para a exploração de óleo e gás.

Em Caraguatatuba, por exemplo, está sendo construído a Unidade de Tratamento de Gás (UTGCA) Monteiro Lobato, da Petrobras, que deve entrar em operação no início de 2011.

“Há uma área de conurbação [unificação da malha urbana de duas ou mais cidades] nessa região, onde São Sebastião está sendo utilizado como ‘município dormitório’ pelos operários que trabalham em Caraguatatuba”, disse a cientista.

De acordo com dados do Censo 2010, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população do Litoral Norte paulista aumentou 11% nos últimos 10 anos – acima das médias estadual e nacional. Juntas, segundo a pesquisa, as cidades de Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba ganharam mais de 50 mil habitantes no período de 2000 a 2010.

“Está ocorrendo uma expressiva urbanização da região como um todo que tende a acelerar ainda mais com a construção desses novos empreendimentos”, disse Lúcia.

Segundo ela, a divulgação dos dados do Censo 2010 pelo IBGE deve contribuir para o avanço das pesquisas realizadas no âmbito do Projeto Temático.

Na segunda fase do projeto, que será iniciada em 2011, os pesquisadores analisarão as informações coletadas e realizarão pesquisas de opinião e grupos focais com os moradores das cidades litorâneas paulistas para levantar suas preocupações com os impactos das mudanças climáticas e a construção dos novos empreendimentos na região.

Mais informações: UNICAMP

Fonte: Agência FAPESP

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OPINIÃO DE AXEL GRAEL

Lidar com os problemas de elevação da cota dos oceanos tem sido um enorme desafio para planejadores urbanos e órgãos licenciadores ambientais.
  • Por quanto tempo grandes empreendimentos como o COMPERJ, CSA, REDUC, etc, ainda serão viáveis nos lugares onde estão instalados?
  • E bairros inteiros que ainda se espalham pela faixa litorânea? Como planejar o seu saneamento, drenagem, etc?
  • Como lidar com esta dúvida com o nível de incerteza que ainda temos e com a falta de respaldo legal para a tomada de decisão?
  • Que parâmetros utilizaremos para impor restrições?
  • Como ser prevenido, responsável, justo, sem ser alarmista?

Eis um belo tema para os legisladores que iniciarão seus mandatos nos próximos dias.

Caça que afeta a flora


27/12/2010

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Uma série de estudos realizados na Mata Atlântica indica que a defaunação – perda de mamíferos e aves devido à caça –, ao modificar as forças seletivas, pode desencadear rápidas mudanças evolucionárias. As pesquisas demonstraram que o processo gera novos impedimentos ecológicos para a população de plantas, afetando sua demografia ao aumentar a predação de sementes.

Os estudos estão relacionados ao Projeto Temático “Efeitos de um gradiente de defaunação na herbivoria, predação e dispersão de sementes: uma perspectiva na Mata Atlântica”, financiado pela FAPESP e coordenado por Mauro Galetti, professor do Instituto de Biociências de Rio Claro da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Galetti, que pesquisa o tema há cerca de 20 anos, apresentou alguns dos resultados do Projeto Temático durante a conferência internacional Getting Post 2010 – Biodiversity Targets Right realizada este mês pelo Programa Biota-FAPESP em parceria com a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

De acordo com Galetti, o Brasil tem 35% das espécies ameaçadas de mamíferos no mundo. A perda de habitat e a fragmentação da floresta são os principais fatores de ameaça, mas metade das espécies sofre com a caça. O tamanho do corpo é um dos preditores de ameaça de extinção. Segundo o cientista, a escala de defaunação é gigantesca em todo o mundo, chegando a 20 milhões de animais mortos por ano em regiões como a África central.

“Verificamos que na Mata Atlântica do Estado de São Paulo há muita caça também. Um de nossos mestrandos entrevistou caçadores por um ano no Parque Estadual da Serra do Mar e constatou que 96 mamíferos haviam sido abatidos”, disse Galetti.

É um número alto, considerando as características da região, segundo ele. Em um Projeto Temático anterior coordenado por Galetti, sobre a conservação de grandes mamíferos, os dados da Mata Atlântica foram comparados com os da Amazônia, indicando a abundância no número de espécies de mamíferos no primeiro bioma.

A abundância de mamíferos na floresta contínua com pouca caça na Mata Atlântica é muito maior do que em locais com caça. No caso da queixada (Tayassu pecari), por exemplo, a abundância é 30 vezes menor em áreas com caça.

Os mamíferos são responsáveis por pelo menos 30% da dispersão das cerca de 2,5 mil espécies de plantas na Mata Atlântica. Mas isso corresponde a um processo complexo que envolve os efeitos da presença de animais de diversos tamanhos com inúmeras relações com as espécies vegetais.

“Desenvolvemos um modelo de redução de megaherbívoros para estudar esses efeitos. Conforme aumentamos a perturbação no modelo, as populações de grandes mamíferos entraram em colapso. Mas, por outro lado, as populações de mamíferos de médio porte chegam a aumentar em áreas perturbadas”, disse.

O modelo, segundo ele, aponta um aumento quase linear na abundância de roedores quando há uma perturbação que leva as populações de grandes mamíferos ao colapso. “Esse modelo já foi testado experimentalmente na savana africana, na observação da abundância de ratos em áreas com e sem elefantes. Quando não há elefantes, a população de ratos aumenta muito”, contou.

Na savana africana, no entanto, há apenas um roedor. Na floresta tropical, com diversidade muito maior de pequenos mamíferos, os processos são mais complexos.

O grupo de Galetti realizou um estudo comparando a abundância de pequenos mamíferos em duas áreas separadas por uma distância de 15 quilômetros. Ambas apresentavam uma diferença considerável quanto à biomassa de mamíferos.

“A riqueza de espécies nas duas áreas era exatamente igual. Mas há uma estrada que passa entre as duas áreas e, de um lado, o ambiente é dominado por queixadas, enquanto do outro lado predominam os esquilos. Com exceção dessa característica, que resulta em uma diferença na biomassa dos mamíferos, as populações de animais nas duas são muito semelhantes”, explicou.

Duas tecnologias foram usadas para avaliar os mamíferos: as armadilhas de interceptação e queda conhecidas como pitfall traps e as armadilhas do tipo live trap. A primeira mostrou mais eficiência para registrar as diferenças na abundância dos animais.

“Avaliamos se a diferença de abundância das duas espécies nas duas áreas poderia ser decorrência da abundância de cobras, mesopredadores, limitação de recursos e de microhabitat. Mas tudo isso foi rejeitado como hipótese alternativa. A hipótese que estamos aceitando é que a presença da queixada afeta a abundância de pequenos roedores”, disse Galetti.

Dispersão modificada

De acordo com o coordenador do Projeto Temático, espera-se que a predação de sementes seja maior em uma floresta com mais presença de roedores.

“Testamos isso em um estudo com a palmeira Euterpe edulis, que é usada na produção de palmito. Ela tem suas sementes predadas por aves e muitas espécies de mamíferos. Escolhemos quatro áreas sem queixadas e três com queixadas para fazer o estudo”, contou Galetti.

Os pesquisadores instalaram, nas áreas escolhidas, câmeras que permitem calcular o número de sementes predadas. “Nas áreas defaunadas, sem as queixadas, a predação de sementes por roedores cresce consideravelmente. Nos fragmentos defaunados só os roedores predam as sementes da palmeira, mas a proporção dessa predação é aumentada em seis vezes”, disse.

Além do aumento na predação, as áreas defaunadas sofrem com maior dificuldade de dispersão das sementes, que é feita principalmente por animais que as ingerem e as regurgitam em outras partes da floresta.
Em áreas não defaunadas, segundo Galetti, o maior dispersor das sementes do palmito é o tucano. Quando a área é defaunada, o maior dispersor são aves do gênero Turdus, que inclui o sabiá. O problema é que sua capacidade de dispersão não é a mesma, pois trata-se de uma ave sete vezes menor que o tucano.

“As aves grandes consomem sementes maiores. Testamos isso com aves em cativeiro. Na área defaunada, há uma redução do tamanho das sementes dispersas. As plântulas que se originam das sementes grandes têm mais vigor e podem sobreviver mesmo depois de ser parcialmente predadas”, disse.

Os estudos mostraram também que, nas áreas defaunadas, as sementes maiores apresentam maior chance de escapar da predação, devido à ausência de predadores de médio e grande porte. “Sementes menores sofrem maior pressão de predação”, disse Galetti.

Fonte: Agência FAPESP

domingo, 26 de dezembro de 2010

Arquivo- aconteceu em 2005: Projeto Grael foi premiado em evento internacional em Amsterdam

O texto aqui reproduzido refere-se a uma homenagem recebida pelo Projeto Grael em 2005. Publicamos aqui como registro já que não a tínhamos visto quando foi inicialmente publicada no site da ISAF, a Federação Internacional da Vela.


Grael Project Awarded At the International Sailing Summit

Following his presentation at the Connect to Sailing Seminar during the ISAF Annual Conference, Axel Grael, representing the Brazilian 'Grael Project' made his way to Amsterdam and the 7th International Sailing Summit.

The International Sailing Summit is an annual industry conference, intended for pooling resources, sharing ideas and networking. The summit brings the sailing industry and wider sailing fraternity together to share experiences and explore ways of developing sailing internationally.

Connect to Sailing and the International Sailing Summit share not only the same ethos, but Alistair MURRAY, Connect to Sailing Ambassador is also the Chairman of the Sailing Summit. Tim COVENTRY, Connect to Sailing Project Manager made an introduction to the proceedings on behalf of Göran PETERSSON ISAF President, and presented a report on 'Winning with Connect to Sailing'. Fresh from his highly applauded presentation in Singapore, Axel GRAEL made a presentation on the Grael Project.

New for the 2005 Summit was a US$5000.00 cash prize for the Programme/Initiative/Idea/Event that most successfully promotes participation in sailing. Much to the obvious delight of Axel GRAEL and the Connect to Sailing Team, The Grael Project was awarded this prestigious cash prize. With the objective to benefit children and teenagers from low income families and using boats to motivate and educate these youngsters, the Grael Project is growing from strength to strength and a cash injection such as the one awarded will be put to excellent use. Since 2003 the Grael Project has seen international recognitions from UNICEF, UNESCO, ISAF and now the International Sailing Summit.

Look out on the International Sailing Summit's website for information on past Summits and future programmes.

Fonte: Site ISAF

sábado, 25 de dezembro de 2010

Indústria verde já cria confronto comercial entre EUA e China. Bom sinal.

China says wind, solar subsidies WTO compliant



China is defending its subsidies for wind and solar power against a U.S. complaint to the World Trade Organization that such support is unfair, but says it will work to resolve the dispute.

The relatively mild response Thursday to the U.S. move likely reflects Beijing's desire to keep relations on a positive track in the weeks leading up to Chinese President Hu Jintao's state visit to the U.S., which begins Jan. 19.

"Every country in the world is seeking to develop renewable energy to cope with climate change. China's wind power measures are helping save energy and protect the environment," the Commerce Ministry said in a statement.

"This is crucial for sustainable development and is in accord with WTO principles," it said.
The ministry said China attaches "great importance" to WTO dispute settlement procedures and would reserve its "due rights."

The case filed against China at the Geneva-based WTO on Wednesday accuses Beijing of giving unfair government subsidies to Chinese energy companies. News of the case came on the same day the White House announced Hu's visit.

The two countries are at odds over a slew of issues. Beijing was outraged earlier this year by a major U.S. arms sale to Taiwan, while Washington has been upfront about its desire to see Beijing do more to rein its longtime ally North Korea.

The U.S. side has persisted, meanwhile, in pushing for faster changes in currency policies that it contends keeps the Chinese yuan undervalued, swelling the chronic U.S. trade deficit with China.

The WTO case was in response to a United Steelworkers petition last September that alleged Chinese companies can sell wind and solar equipment on international markets at cheaper prices than their competitors because they receive subsidies.

The administration's WTO case alleges that those subsidies violate global trade rules.
U.S. Trade Representative Ron Kirk said the type of subsidies the Chinese government had employed were "particularly harmful and inherently trade distorting."

The case will first trigger consultations between the two nations. If they fail to resolve the dispute, the WTO will convene a hearing panel.

If the administration wins the case and China does not give up its subsidies, the United States would be authorized to impose penalty tariffs on Chinese products equal to the lost sales that U.S. energy companies are experiencing.

Fonte: Businessweek

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Que você tenha a mesma dose de sorte em 2011



Essa eu vou na aba do Murillo Novaes que encaminhou o vídeo acima. É a melhor forma de desejar Boa Sorte em 2011.

Que você tenha tanta sorte como cada um das cenas do vídeos.

Mas, por favor, evite correr os mesmos riscos dessa turma. rsrsrs

Blog TS dá destaque ao Projeto Grael

Área náutica da sede do Projeto Grael. Jurujuba, Niterói-RJ.


Texto de Sandra Amâncio (estagiária de comunicação do Projeto Grael), no Blog TS - a Sociedade em Questão, apresenta a atuação do Projeto Grael e destaca a presença de ex-alunos na sua equipe de profissionais.

Confira em: TS - a sociedade em questão: O esporte como fonte de educação

EUA admitem que em 2035 emissões de Carbono ainda estarão crescendo no país.

Térmicas a carvão terão participação menor na geração de energia em 2035, mas EUA continuarão aumentando as emissões de Carbono.

DOE report: U.S. will remain coal-dependent in 2035, carbon emissions rise



The United States Energy Information Agency has released its preliminary forecast for the nation’s energy market in 2035 and it paints a picture of rising greenhouse gas emissions and an economy locked into a dependence on fossil fuels.

In a scenario sure to give nightmares to those concerned about climate change, the agency predicts that coal will supply 43 percent of the U.S.’s electricity demand in 2035, down just two percent from 2009. Natural gas’s share of the market rises slightly to 25 percent while nuclear provides 17 percent of the nation’s electricity in 2035, down from 20 percent today. Renewable energy production rises from 10 percent to 14 percent.

Greenhouse gas emissions will rise five percent, barring a legislative cap on carbon, by 2035. In other words, the future looks a lot like the present, which according to climate scientists means a potential economic disaster from rising sea levels and disruption of food production.

The agency’s forecast is at odds with a recent projection of the 2035 market by Black & Veatch, the global engineering and consulting firm.

Unlike the Energy Information Agency, Black & Veatch took into account the probable effect of new federal pollution mandates and the expectation that some form of a cap on greenhouse gas emissions will eventually be imposed.

Black & Veatch predicted that coal-fired power plants’ share of the electricity market will plunge to 25 percent while natural gas will provide 40 percent due to the rapid expansion of new supplies.

The government also tagged natural gas supplies as one of the biggest factors in future energy production. In this year’s report, the Energy Information Agency increased its estimate of potentially recoverable shale gas reserves by 480 trillion cubic feet to 827 trillion cubic feet.

“The larger resource leads to about double the shale gas production,” the report states.

Nevertheless, the agency projects that natural gas’s share of electricity production will increase only by two percent over the next 24 years.

“Coal remains the dominant energy source for electricity generation,” wrote the report’s authors, who downgraded the nation’s photovoltaic solar and wind power capacity in 2035 to 10.5 gigawatts from last year’s estimate of 11.2 gigawatts.

The full final report will be released in March.

Fonte: Reuters
 
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Informações complementares:
 
Relatório preliminar do US Energy Information Agency
Térmicas a carvão perderão importância nos EUA

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Edital Funbio para conservação da Mata Atlântica

O Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) acaba de abrir processo seletivo de projetos para conservação da Mata Atlântica, uma iniciativa que irá disponibilizar até 4,3 milhões de reais – com financiamento Fundo de Conservação da Mata Atlântica (AFCoF)- em propostas que enquadrem-se nos temas abordados pelo edital: criação ou ampliação de unidades de conservação públicas municipais e/ou estaduais, elaboração de planos municipais de conservação e recuperação da Mata Atlântica, regularização ambiental de imóveis rurais e viabilização de projetos de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA). As inscrições vão até dia 18 de fevereiro de 2011.

O financiamento é direcionado à instituições sem fins lucrativos ou associações que trabalhem diretamente para a conservação da biodiversidade e do meio ambiente, ou instituições de pesquisa e ensino voltados à conservação da Mata Atlântica. Cada instituição poderá apresentar parecerias com outros órgãos públicos de qualquer esfera federal e ONGs, porém estão limitadas a entrega de apenas um projeto. Os projetos deverão ser realizados no máximo em 15 meses.

A Funbio alerta para a adequação dos projetos à proposta do edital e sugere uma leitura aprofundada dos termos de enquadramento para evitar desclassificações iguais a de anos anteriores (Para ver detalhes do concurso). Após seleção dos projetos com referência nos requisitos do edital, a Funbio direcionará os aprovados para avaliação técnica. Os resultados serão divulgados em Abril.

Fonte: O Eco

Lars Grael desmente a notícia que será secretário de esportes do DF

Secretaria de Esportes do GDF

18/12/2010 01:10:12

Antes que o assunto avance além da necessidade, comento notícia publicada no blog do Donny Silva sobre possível convite do Governador Eleito do DF Agnelo Queiroz para assumir a Secretaria de Esportes do GDF.
1º- Não fui convidado, pelo menos ainda.
2º - Não estou em condições profissionais de aceitar.
3º - Sou mais brasiliense que muitos podem crer. Cheguei na cidade em janeiro de 1973 e desde então, morei 15 anos em Brasília. Tenho título de cidadão brasiliense concedido pelo GDF em 1999 e pela Câmara Legislativa em 2002. Sou Sócio Honorário do Iate Clube de Brasília.
4º - Quando fui Secretário Nacional de Esportes no Governo FHC, Agnelo era um Deputado Federal do PCdoB de oposição, mas exercia oposição construtiva e colaborou muito na minha gestão.
5º - Apoiei abertamente sua indicação para Ministro dos Esportes. Sua gestão continuou e desenvolveu programas que criei ou continuei.
6º - Gravei declaração de apoio em seu horário político eleitoral desta eleição, mas, sem o fisiologismo conhecido da política brasileira da premissa do "é dando que se recebe". Apoiei como atleta, dirigente esportivo, cidadão e morador de Brasília.
7º - Disse a ele domingo na Corrida do Dia Internacional de Combate a Corrupção (Esplanada dos Ministérios), que sou voluntário e sempre serei, para ajudar na formulação de uma política de esportes exemplar para o Distrito Federal, mas de forma voluntária e não remunerada.
O mar me espera. Não vivo sem ele...
Bons Ventos,
Lars Grael



Fonte: Site do Lars Grael

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Autorização para a CSA abre precedente inédito: licenças ambientais por decreto?


O recente episódio de partida (operação experimental) do segundo forno da TKCSA mediante autorização assinada pela secretária do Ambiente e pelo governador Sérgio Cabral e não pelo órgão ambiental, causou preocupação por abrir um perigoso precedente (não me recordo de fato semelhante na gestão ambiental pública brasileira). Teme-se que o ato possa desmoralizar o sistema de licenciamento ambiental do INEA - Instituto Estadual do Ambiente, o novo órgão ambiental fluminense.

Em agosto de 2010, quando da partida do primeiro forno da siderúrgica TKCSA, ocorreram muitos problemas ambientais afetando a população do entorno e a empresa foi devidamente multada pelas autoridades. Preocupados com a possibilidade do mesmo problema se repetir, os técnicos do INEA, apoiados pelo Ministério Público estadual, haviam estabelecido a exigência para que o equipamento só entrasse em operação mediante um parecer técnico de uma instituição especializada e independente, que garantisse à sociedade que o segundo forno poderia ter a sua partida com a necessária segurança ambiental.

A empresa alegou que o parecer demandado pelo INEA precisaria de 60 dias para ser preparado. Contrariada, recorreu da decisão e obteve a autorização para a partida do forno 2 mediante ato da secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, a quem o INEA está subordinado. A medida depois foi formalmente ratificada por ato do governador.

Assim será de agora em diante? Diante das exigências do INEA, teremos licenças ambientais por decreto?

O procedimento preocupa muito pois abre o caminho para a politização das licenças ambientais e enfraquece a posição do recém criado órgão ambiental do estado, que substituiu a FEEMA, o IEF e a SERLA. Muito contribuimos para que o INEA fosse criado, na esperança de enfim poder recuperar a estrutura ambiental do estado, tão desgastada por décadas de esvaziamento e sucateamento. Quando inaugurado no atual governo, o INEA foi anunciado como um órgão fortalecido, que seria modernizado e prestigiado para o exercício da sua missão institucional.

No entanto, estes objetivos estão em risco. A possibilidade de se reverter as exigências técnicas do INEA nas instâncias políticas superiores, sem que isso ocorra com o devido respaldo em argumentos técnicos ou na legislação ambiental, pode criar a expectativa que agora tudo agora será possível e que o órgão ambiental perdeu a sua autoridade. Bastaria um bom relacionamento político, que as barreiras técnicas e legais seriam revistas.

Se assim for, logo teremos agentes políticos e lobistas ambientais protagonizando o papel que hoje é dos técnicos. Que isto nunca ocorra! Os prejuízos para o meio ambiente, para a administração pública e para a sociedade seriam enormes.

Esperamos que o episódio seja devidamente esclarecido.



Para saber mais sobre o episódio, veja a reportagem do RJ-TV.

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PRONUNCIAMENTOS DA SEA
Sobre este assunto, a Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) se pronunciou oficialmente em duas notas publicadas em seu próprio site.

Reproduzimos os textos a seguir:


Nota sobre CSA
17/12/2010 - 17h32

A Secretaria de Estado do Ambiente e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informam que a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) deu partida, nesta sexta-feira (17/12), ao alto forno 2, após atender os seguintes requisitos exigidos:

- apresentação de atestado técnico sobre a adequação dos procedimentos de controles ambientais adotados na partida do alto forno 2. O laudo foi emitido pela CH2MHILL, auditora de padrão internacional.

- Apresentação de Termo de responsabilidade ambiental com designação de responsável técnico pelos procedimentos.

Adicionalmente a empresa foi advertida de que no caso do período de partida do AF2 ultrapassar cinco dias, será obrigatório o abafamento do mesmo.

O Inea está acompanhando todo o processo de partida junto com três especialistas independentes das empresas HATCH e CONCREMAT e da PUC Rio.

O monitoramento da qualidade do ar está sendo feito em 5 estações instaladas nas comunidades nos arredores da empresa. As medições feitas ao longo de todo dia indicam que as concentrações de partículas totais variaram entre 21,2 e 38,4 microgramas por metro cúbico, valores estes até seis vezes inferiores ao padrão Conama (240 microgramas por metro cúbico).

O acompanhamento do processo de partida continuará por todo final de semana, até que a totalidade da produção do AF2 seja destinada à aciaria.

Fonte: SEA

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Autorização para funcionamento do alto forno 2 da CSA foi respaldada por auditoria
20/12/2010 - 18h13

A secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, assegurou hoje (20/12), em coletiva à imprensa, que os procedimentos adotados pela Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) para dar início ao funcionamento do seu alto forno 2 são adequados e seguros, sob o ponto de vista ambiental. Segundo Marilene Ramos, a autorização para a partida do alto forno 2, na última sexta-feira (17/12) , foi baseada em um laudo emitido pela CH2MHILL, auditoria de padrão internacional, que atestou como seguras as condições de funcionamento do equipamento.

“Estou convicta de que os procedimentos adotados pela Companhia para ligar o seu alto forno 2 são totalmente diferentes em relação ao alto forno 1, que apresentou uma série de problemas”, disse Marilene Ramos.

“Durante o fim de semana, fizemos o monitoramento da qualidade do ar, de hora em hora, e atestamos que as concentrações de partículas totais variaram entre 21,2 e 38,4 microgramas por metro cúbico, valores estes até seis vezes inferiores ao padrão estabelecido pelo Conama, que é de 240 microgramas por metro cúbico. Esse monitoramento é feito em cinco estações instaladas nas comunidades no entorno da empresa, em Santa Cruz”, explicou a secretária, ao lado do presidente do Inea, Luiz Firmino Martins Pereira.

O Inea não se manifestou contra ou a favor do funcionamento do alto forno 2, embora tenha se comprometido com o Ministério Público em conceder autorização para o seu funcionamento somente após auditoria plena em todos os seus processos, o que levaria até 60 dia para ser concluída. A secretária afirmou, entretanto, que o laudo emitido pela CH2MHILL – para o processo de partida do forno - foi decisivo para permitir que o alto forno 2 fosse ligado.

“A Companhia alegou que o prazo de 60 dias era muito longo e que isso lhe acarretaria sérios prejuízos econômicos, jurídicos e sociais, inclusive com a possível demissão de 800 postos de trabalho. Por isso, tomamos essa decisão, com o aval do governador Sérgio Cabral, que entendeu a necessidade da CSA. Mas, tudo sob o acompanhamento rigoroso dos órgãos ambientais”, garantiu Marilene Ramos.

Em agosto deste ano, o Inea multou em R$ 1,8 milhão a CSA por poluir o ar com material particulado no entorno da siderúrgica. A punição ocorreu depois de uma vistoria que comprovou que, embora esteja em fase de pré operação, a CSA não comunicou ao Inea, antecipadamente, que enfrentava problemas com o alto forno 1 para que fossem adotadas providências que viessem a minimizar as emissões, e que só foram detectadas pelas estações de monitoramento instaladas na unidade.

As emissões de poluentes pela CSA resultaram de dois defeitos na linha de produção de ferro-gusa. O mais grave ocorreu na máquina de lingotamento de fabricação alemã, que não permite que a produção alcance a capacidade máxima de 7,5 mil toneladas, obrigando a empresa a utilizar os poços de emergência. Ao resfriar o material incandescente nesses poços, que ficam em uma área aberta, o material particulado acabou sendo lançado no ar.

De acordo com a secretária, as exigências feitas à siderúrgica para amenizar os efeitos das emissões foram: redução da produção para a capacidade mínima, de 3,2 toneladas, o equivalente a 40% da máxima; o aumento da aspersão de água no poço de emergência para reduzir a quantidade de partículas lançadas no ar, além do fechamento e da instalação de uma coifa na área do poço de emergência, para que no caso de necessidade de uso, o material particulado não volte a poluir o ar.

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Observação final

UMA DÚVIDA: SE TUDO OCORREU DE FORMA TÃO NORMAL COMO AFIRMAM AS NOTAS, POR QUE A APROVAÇÃO DA PARTIDA DO FORNO NÃO FOI EMITIDA PELO ÓRGÃO COMPETENTE - O INEA - E PRECISOU SER AUTORIZADA PELA SECRETÁRIA E RATIFICADA PELO GOVERNADOR???

Natal: época de doar ou de investir na esperança?

O diretor presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), Marcos Kisil, discute como o apelo emocional desta época do ano pode induzir a enganos sobre a natureza da filantropia e adverte: é preciso saber para o quê, para quem e com que expectativa de resultado se faz uma doação.

O Natal é sempre um momento de reflexão e ação. É o período do Advento em que nos preparamos para a vinda do Senhor. Buscamos nos reconhecer como seres humanos racionais, mas também emocionais - que acreditam na capacidade humana de vencer as dificuldades e manter viva a esperança de uma vida melhor. Nesta época, buscamos ser mais tolerantes, atenciosos, abertos às necessidades dos outros. E, assim, acreditamos que fazemos o bem ao olharmos para as necessidades de nossos irmãos menos favorecidos.
Neste contexto, aumentam as chances de nos tornamos altruístas - pelo menos durante alguns dias.

A experiência mostra que neste período do ano aumentam as doações: individuais, familiares, ou resultado de coletas na escola, no trabalho, no clube ou mesmo em igrejas. Mas, essa é uma caridade de data marcada que, muitas vezes, busca mais a felicidade de quem dá e não a de quem recebe. Por isso, é preciso dizer sem meias palavras que ela tem um viés paternalista. Sacia as necessidades temporais de adultos (cestas básicas, panetones, almoços de rua) e de crianças (brinquedos baratos que estão quebrados no dia seguinte, guloseimas), mas não muda a realidade em que vivem.

Me pergunto se esta caridade natalina poderia ser diferente. Como aproveitar melhor as emoções propiciadas por esta época de festas e realmente agir para transformar o Ano Novo num despertar da esperança e da felicidade para o próximo?

Em primeiro lugar, acho que é preciso acreditar que podemos fazer a diferença na vida de alguém por meio da doação. Para tanto devemos agir como alguém que investe no ser humano vislumbrando que ele pode crescer e se desenvolver por sua própria capacidade. Se estamos convencidos de que é possível, devemos refletir sobre os impedimentos que uma vez sanados ou abrandados poderiam resultar em seres humanos melhores: para si mesmos, para suas famílias, para as comunidades onde vivem e para a sociedade como um todo.

Dessa maneira posso descobrir que diferentes pessoas apresentam necessidades também diferentes. Por exemplo: um idoso abandonado num asilo necessita de remédios para seus problemas crônicos de saúde; uma criança carente necessita de livros para estudar; um adolescente em dúvida sobre que caminho seguir precisa sentir-se integrado à sociedade para não fazer opções erradas.

Para ter sinergia com o bom uso dos recursos individuais, as doações são mais eficientes e úteis se colocadas em organizações de reputação ilibada na atenção à causa que escolheram defender. Tanto a escolha da causa a ser apoiada como a escolha da instituição beneficiaria de uma doação exigem reflexão pessoal e diligência na busca da decisão.

Creio que estes rápidos conselhos podem servir ao doador natalino:

1. Evitar doar por impulso

Nesta época do ano, cada um de nós sofre diversos tipos de pressão: de marketing direto, por meio de telefonemas, cartas e e-mails; e também solicitações de colegas, ou pseudo-colegas. Assim, não é surpresa percebermos que nos tornamos presas dos mais insistentes. Para tirá-los da nossa frente o quanto antes, cedemos ao impulso de “pagar” para aliviar a pressão. Aceitando este jogo, doamos sem saber o porquê, para quê, e quem será o beneficiário final.

2. Conhecer a causa ou problema social

Para evitar doações por impulso, o melhor a fazer é identificar ao longo de todo o ano que causa social ou ambiental gostaria de apoiar – lembrando que ela responde à nossa própria consciência. Qualquer que seja a causa a contribuir é importante estar bem informado como ela está sendo considerada pelo poder público, pelas organizações da sociedade civil e também por empresas que fazem seu próprio investimento social. Assim é possível identificar as ações de caráter mais estratégico ou capazes de alavancar ações realizadas por outros doadores.

3. Informar-se sobre a organização beneficiária

Temos um universo de organizações sociais que alegam conhecer e trabalhar em prol de uma causa. Infelizmente, mesmo este universo tem os seus párias. Existem organizações de fachada que ora são criadas para beneficio de seus “donos”, ora são dirigidas por “laranjas” que se prestam a intermediar recursos públicos para o beneficio de políticos ou apaniguados de plantão no poder público, usando de corrupção. Ou, ainda, que servem para encobrir o “caixa 2” de empresas inidôneas. Para prevenir esse risco, buscar informações para quem se está doando exige paciência e pesquisa. Isso pode ser feita pela internet, através de perguntas dirigidas a quem já doou para a entidade em vista, ou através de uma visita pessoal para conhecer os serviços que ela diz oferecer e quem são seus líderes. Neste caso, aplique a regra dos “3is”:

(1) Como está lidando com a causa ou problema social identificado, qual a Ideia central que orienta a missão da organização, especialmente no que se refere ao caráter assistencialista ou de desenvolvimento dos atendidos;
(2) Qual é a reputação conseguida pela Instituição ao longo dos anos, quem investiu nela, como, para quê, que opinião já formaram, quais foram os resultados alcançados e divulgados;
(3) Finalmente, quem são os Indivíduos por traz da instituição: quem são seus lideres, como estão legitimados, quais são suas condições técnicas, que reputação têm; quem integra o seu staff e quem são seus voluntários. Conhecer os “3is” ajuda bastante um doador a tomar sua decisão.

4. Estabelecer um plano pessoal de doação

Com base na possibilidade financeira de cada um é possível estabelecer quanto e quando se pode doar. A doação natalina pode muito bem ser uma das doações a serem feitas ao longo do ano. Conhecendo sua capacidade, o doador em potencial pode entrar mais bem preparado em um grupo de filantropia organizado na escola, no trabalho, no clube, na igreja, ou na própria rua em que reside. Assim, o recurso individual é sinérgico com os recursos de outros doadores, permitindo uma ação social mais ambiciosa e capaz de obter maior impacto.

5. Doar para programas, projetos ou ações que podem ser avaliados

Nunca dê um cheque em branco a ninguém. Conhecer onde e como o recurso será empregado determina se o seu resultado pode ser mensurado através de um processo avaliativo. Aqui, devem ser buscados resultados concretos. Muitas organizações, especialmente na época natalina, tentam sensibilizar os doadores para suas causas e não para o que querem transformar na sociedade. Usam palavras bonitas, porém vazias para um investidor social. Não caia nessa!

Com essas breves sugestões, esperamos que cada um de nossos leitores tenha um Santo e Feliz Natal, e que o Ano Novo seja de esperança num mundo justo e sustentável.

Fonte: IDIS

domingo, 19 de dezembro de 2010

Atlas semântico registra expressões caiçaras



Por Redação TN / Felipe Maeda Camargo, Agência USP


Uma espécie de “mapa” linguístico, que registra o vocabulário característico de comunidades caiçaras de quatro municípios de São Paulo (Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba), foi elaborado pela professora e pesquisadora Márcia Regina Teixeira da Encarnação. O “mapa”, na verdade, trata-se de um atlas semântico-lexical, e está descrito na tese de doutorado de Márcia, defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Atlas semântico detalha vocábulos de comunidades caiçaras O atlas semântico-lexical é diferente de um dicionário, pois é usado por linguístas e engloba gráficos, tabelas e outros recursos que mostram os diferentes termos usados por um grupo de pessoas.

Comunidades caiçaras é um termo que se refere aos habitantes das zonas litorâneas; suas populações nasceram a partir do século XVI da miscigenação de brancos de origem portuguesa com grupos indígenas do estado de São Paulo.

Apesar de boa parte das palavras e expressões encontrados pela pesquisadora serem comuns em outras regiões do País, algumas expressões mereceram destaque no estudo. Os membros da comunidade, por exemplo, chamam” banana gêmea” de “banana cunha” e empregam “picumã” no sentido de “fuligem”. A professora diz que são termos de origem tupi. “Esta herança carrega as experiências dos séculos anteriores e, em uma graduação maior ou menor, é complementada a cada geração”, detalha.

Uma palavra que chamou atenção da professora, mas que não tem relação com a influência da origem indígena, é "pituca", que se refere à sujeirinha dura que se tira do nariz com o dedo.

A preservação das palavras e expressões em atlas evita que com o tempo eles desapareçam sem registro, segundo a pesquisadora: “A principal intenção foi deixar expressa nossa colaboração para os mais diversos estudos sobre a língua portuguesa falada no Brasil neste início de século. A cada dia, chegam novos sujeitos e, com eles, chegam valores vindos de outras realidades, não só distantes, mas muito diferentes, que vão se incorporando, dia após dia, na vida dos atuais habitantes da região.”

Dados estatísticos

O registro dos vocábulos partiu de um questionário feito para 16 moradores das comunidades, quatro de cada cidade. O questionário possuía 210 questões que apresentava uma descrição, na qual a pessoa devia responder com a palavra que conhecia. “Em um das questões, perguntava: como se chama uma pessoa que não tem dentes?”, exemplifica Márcia. Os moradores tinham que responder oralmente.

Além de registrar todas as variações linguísticas, a pesquisa mediu a incidência delas. Assim, a professora verificou os vocábulos em uso coloquial nas comunidades. Em geral, as palavras de maior incidência, como amendoim, girassol, carrinho de mão, são comuns em outras regiões do país. No total, 148 palavras apresentaram alta incidência (mais de 50%) e foram dadas como resposta em todos os lugares.

Márcia entrevistou adultos de 18 a 30 anos e de 50 a 65 anos, de ambos os gêneros, que tivessem estudado apenas até a 8ª série do ensino fundamental. A professora diz que “essa escolha das faixas etárias deu-se pelo interesse em se ter a representação de falantes mais jovens e de falantes mais velhos”.

A pesquisa fez parte da tese de doutorado da pesquisadora pela FFLCH, defendida no mês de setembro desse ano, no Departamento de Letras, sob orientação da professora Irenilde Pereira dos Santos. Márcia dará continuidade ao seu estudo com as análises semânticas de cada um dos vocábulos encontrados e lançará um livro sobre o assunto.

Fonte: TN Projetos Sociais

NASA releases global warming map

NASA has released a new analysis of temperature change.


1970-1979


2000-2009

The map shows temperature anomalies for 2000-2009 and 1970-1979 relative to a 1951-1980 baseline.
NASA images by Robert Simmon, based on data from the Goddard Institute for Space Studies.
To conduct the analysis, NASA's Goddard Institute for Space Studies (GISS) uses "publicly available data from 6,300 meteorological stations around the world; ship-based and satellite observations of sea surface temperature; and Antarctic research station measurements."

"These three data sets are loaded into a computer analysis program—available for public download from the GISS web site—that calculates trends in temperature anomalies relative to the average temperature for the same month during 1951-1980," according to NASA.

The space agency reports that the average global temperature has increased by about 0.8° Celsius (1.4° Fahrenheit) since 1880. About two-thirds of the warming has occurred since 1975, at a rate of roughly 0.15-0.20°C per decade.

"The world is getting warmer," stated NASA on its Earth Observatory site. "Whether the cause is human activity or natural variability, thermometer readings all around the world have risen steadily since the beginning of the Industrial Revolution."


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Desvendando o legado histórico do Rio de Janeiro

Museu do Surfe, Cabo Frio.

Museu Casa da Hera, Vassouras.
Elena Mandarim

Durante o Encontro dos Museus do Rio, que ocorreu nos dias 14, 15 e 16 de dezembro no Museu Histórico Nacional, foi lançado o portal "Museus do Rio". Ele cumpre o objetivo de apresentar os resultados do projeto "Memória, Cultura, Transformação Social e Desenvolvimento: Panorama Museal do Estado do Rio de Janeiro", contemplado no edital Pensa Rio, da FAPERJ. Segundo a antropóloga Regina Abreu, coordenadora do estudo e professora da Escola de Museologia e do programa de pós-graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), o portal trará informações qualitativas dos museus, sempre apresentando a história de cada um deles relacionada ao contexto da região em que foi implantado. "A metodologia que adotamos promove uma etnografia dos percursos, que consiste em registrar as características locais e culturais ao longo dos caminhos percorridos. Nosso objetivo é mostrar que essas instituições são fonte de conhecimento e podem favorecer a inclusão social e o desenvolvimento sustentável", explica a coordenadora.

Por meio do slogan "descubra um Rio de Janeiro que você ainda não conhece", o portal visa valorizar os museus do Rio de Janeiro, no momento em que o estado se prepara para receber a Copa do Mundo, as Olimpíadas, e a próxima reunião do International Council of Museums (ICOM), principal instituição dedicada ao fomento internacional da museologia. De acordo com Regina, a nova ferramenta virtual contém informações básicas para turistas, estudiosos e interessados na área museológica.

O portal oferece duas possibilidades de acesso: uma pelos percursos e outra pelas regiões. No primeiro, o internauta visualiza o percurso feito pela equipe de pesquisa e recebe dicas sobre as estradas e as cidades percorridas. Nessa opção, são apresentados apenas os museus visitados, sob a perspectiva social e antropológica do estudo. "Nossa preocupação foi sempre valorizar a relação do museu com seu meio, buscando evidenciar os ícones locais", diz Regina.

Na segunda possibilidade de acesso, o visitante recebe uma descrição geral da região, com curiosidades e dados históricos sobre as cidades. Nessa opção, há uma relação completa de todos os museus da localidade. "Essa parte de inventário está sendo muito bem feita pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). É um trabalho quantitativo que tem servido de base para muitas pesquisas", conta a pesquisadora.

Nas duas alternativas, pode-se acessar os museus para se ter informações históricas, além de sua localização, horários e serviços. Cada um deles é também retratado em um pequeno filme, de cinco minutos. "Os filmes mostram um pouco da relação do museu com sua cidade, contam sua história e apresentam seu acervo", diz Regina.

A partir dos registros das viagens, nove documentários foram produzidos pela equipe da professora Regina, em parceria com o Ibram. Até 19 de dezembro, a TV NBR estará reproduzindo as filmagens, podendo reprisá-las aleatoriamente em sua programação. Esse material ainda foi desmembrado para produzir programas de 13 minutos que serão veiculados pela TV Alerj, toda sexta-feira, às 20h30, a partir do dia 17 de dezembro. "A UniRio e a TV Alerj firmaram um contrato para dar continuidade a essa programação. Assim, continuaremos a produzir documentários", conta a pesquisadora.

Para Regina, por meio da interatividade e da dinamicidade, o portal será constantemente alimentado. O site ainda disponibiliza um guia de cadastro para que os diretores dos museus preencham sempre que quiserem atualizar ou inserir informações. Há também uma página linkada com a comunidade, por meio de blogs, sugestões, comentários e oferta e procura de oportunidades nos museus. "Pensamos em criar um espaço para que estagiários e profissionais possam se comunicar com os museus e vice-versa", diz.

Foi criado, ainda, um espaço exclusivo para disponibilizar os trabalhos científicos, assim como dissertações de mestrado e teses de doutorado na área de museologia e memória social e de patrimônio. "Os interessados poderão solicitar a inclusão de seus trabalhos. Temos o objetivo de criar um grande banco de dados, que sirva de base de novas pesquisas na área", diz Regina.

Futuro do Portal

De acordo com a coordenadora do projeto, nesta primeira fase, o portal disponibiliza informações sobre os museus do interior do estado. A segunda etapa, com conclusão prevista para final de 2011, disponibilizará dados sobre os museus da cidade do Rio de Janeiro, que congregam cerca da metade dos trezentos museus do estado. "A nossa proposta a seguir é traçar percursos por bairros dentro da cidade do Rio de Janeiro. Há bairros, por exemplo, Botafogo e Centro, que concentram muitos museus", adianta Regina.

Segundo a pesquisadora, a ideia de começar pelo interior justifica-se pela pouca visibilidade dos museus fluminenses. "Muitas vezes, o visitante chega ao Rio de Janeiro e não tem a menor noção de que o interior do estado também guarda preciosidades históricas, um verdadeiro tesouro de memória e cultura. Afinal, o Rio, incluindo interior e capital, sediou quase todos os grandes momentos da história do Brasil", diz Regina.

Para ela, muitos deles ainda são pérolas pouco conhecidas, como o "Museu do Surf", em Cabo Frio, resultado da coleção de um surfista apaixonado, que é capaz de narrar por meio de seus preciosos objetos minúcias da história internacional do surf. Há, também, o "Museu Casa da Hera" em Vassouras, testemunho da riqueza e do fausto dos barões do café. Ou ainda, o "Museu de Conchas", de Mangaratiba, resultado do esforço de um colecionador que conta a história das transformações do local por meio das conchas que foram desaparecendo e que ali jazem testemunhas de épocas de biodiversidades mais pulsantes.

Para a antropóloga, os museus do Rio desempenham importante papel enquanto lugares de memórias coletivas, capazes de irradiar e potencializar conquistas para a inclusão social, a cidadania, a transformação social e o desenvolvimento sustentável em diferentes regiões. "Espalhados pelo estado, os museus são indícios de uma vitalidade histórica e memorável e constituem, hoje, espaços cada vez mais relevantes, que respondem ao nosso anseio por referências e elos com diferentes temporalidades", observa Regina.

Da Colônia à República, passando pelo Império, houve importantes processos em todas as regiões do estado do Rio de Janeiro, que tiveram repercussão nacional. É fácil entender, portanto, porque Regina afirma que os museus restaram como testemunhos e fontes de pesquisa de toda esta movimentação, o que faz deles um importante legado histórico.

Fonte: FAPERJ

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Uma visão para a sustentabilidade

Por Haroldo Mattos de Lemos


O Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (World Business Council for Sustainable Development – WBCSD) lançou em fevereiro passado o relatório: Visão 2050 – A Nova Agenda para os Negócios (Vision 2050 – The New Agenda for Business). Ele foi produzido por 29 empresas do WBCSD, discutido em 20 países com centenas de empresas e especialistas, e apresenta as condições e ações necessárias para que em 2050 o mundo esteja caminhando para atingir a sustentabilidade. O relatório já foi traduzido para o português pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável – CEBDS.

Para a sustentabilidade, precisaremos adotar mudanças fundamentais nas estruturas de governança, na economia, nos negócios e no comportamento humano. Essas mudanças são necessárias, factíveis e oferecem grandes oportunidades de negócios para empresas que adotem a sustentabilidade como estratégia. Mas as mudanças não serão de responsabilidade apenas das empresas. O nosso futuro depende, como nunca antes na história, do que empresas, governos e cidadãos fizerem agora, de forma coordenada e integrada.Em virtude das tendências das mudanças climáticas, do aumento da população global, da urbanização e das melhores ações das empresas, governos e sociedade, Visão 2050 reflete o melhor resultado possível para a população humana e para o planeta onde viveremos nas próximas quatro décadas. O objetivo final é que, em 2050, os 9 bilhões de habitantes que teremos na Terra vivam todos bem – com alimentos suficientes, moradia, água potável, saneamento, transporte, educação e saúde –, mas dentro dos limites do que este pequeno e frágil planeta pode oferecer e renovar a cada dia.

Vision 2050 enfatiza que “business as usual” não vai atingir a sustentabilidade nem assegurar prosperidade econômica e social. A sustentabilidade vai exigir mudanças radicais, começando agora, e as empresas devem fazer o que fazem melhor: inovar, adaptar, colaborar e executar. Uma das certezas que temos hoje é que em 2050 a vida será muito diferente para a humanidade. Nesse caminho para atingir sustentabilidade, a mudança de comportamento e a inovação social serão tão importantes quanto inovações tecnológicas.

Entre as ações necessárias para atingir os objetivos do Vision 2050, estão:

1) Atender as necessidades de desenvolvimento de bilhões de pessoas, possibilitando educação e realização econômica, desenvolvendo soluções, estilos de vida e comportamentos radicalmente mais ecoeficientes.
2) Incorporar o custo das externalidades, começando com carbono, serviços prestados pelos ecossistemas e água.
3) Dobrar a produção agrícola sem aumentar a quantidade de terra ou de água usados.
4) Cessar os desmatamentos e aumentar o rendimento das florestas plantadas.
5) Reduzir à metade, até itemIntroText, as emissões de carbono no mundo inteiro (base: nível de emissões de 2005), com as emissões de gases-estufa atingindo seu máximo até 2020, através da mudança para sistemas de energia com baixo carbono.
6) Prover acesso universal ao transporte com baixo carbono.
7) Atingir uma melhoria de eficiência de quatro a dez vezes no uso de recursos e materiais.

A análise dessas ações necessárias nos dá uma indicação de quão árduo e espinhoso será o caminho para a sustentabilidade. Se continuarmos com “business as usual”, em 2050 a humanidade estará consumindo os recursos naturais de 2,3 planetas para atender a suas necessidades. O WBCSD acredita que o mundo já tem o conhecimento, ciência, tecnologias, habilidades e recursos financeiros necessários para alcançar os objetivos do Vision 2050. As fundações para grande parte do que será necessário fazer deverão ser construídas já na próxima década.

Fonte: Associação Comercial do Rio de Janeiro

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Veja como doar para o Projeto Grael e ainda poder descontar do imposto de renda




ATENÇÃO: SUA DOAÇÃO PRECISA SER DEPOSITADA ATÉ 30/12/2010 para ter o efeito fiscal em 2011.


O Instituto Rumo Náutico (CNPJ 03.989.542/0001-27) , mais conhecido como Projeto Grael, atua há 12 anos em Niterói/RJ exclusivamente com estudantes da Rede Pública de Ensino. Até o momento mais de 10.000 crianças, adolescentes e jovens já foram beneficiados com as nossas atividades de Vela Educacional , com o Programa Profissionalizante e nossas iniciativas ambientais..

O Projeto Grael pode receber doações com o benefício do abatimento do IMPOSTO DE RENDA pois tem dois projetos aprovados na Lei de Incentivo ao Esporte:
  • Pessoas Físicas: Podem doar até 6% do Imposto de Renda DEVIDO. (Somente para quem faz a Declaração Anual de Ajuste COMPLETA)
  • Pessoas Jurídicas: Podem doar até 1% do Imposto de Renda DEVIDO. (Somente empresas que fazem a contabilidade pelo LUCRO REAL)
Para fazer a sua doação, basta depositar o valor para um dos projetos abaixo até o dia 30/12/2010:
  • PROJETO GRAEL VENTOS DE CIDADANIA: Banco do Brasil Ag. 2907-6, Conta 46348-5
  • PROJETO ESTRELAS DO MAR 2011 – Banco do Brasil Ag. 2907-6 Conta 46349-3.
Logo após sua doação, envie o comprovante de depósito à Gerência do Instituto Rumo Náutico via:

E-MAIL: joannadutra@rumonautico.org.br , ou
CORREIO – Av. Carlos Ermelindo Marins, 494, Jurujuba, Niterói/RJ, CEP 24370-195.
Telefone: 21 2711-9875

Assim que recebermos a informação do depósito, providenciaremos o RECIBO OFICIAL DO MINISTÉRIO DO ESPORTE e encaminharemos ao seu endereço.

NÃO PERCA ESTA OPORTUNIDADE!
MUITO OBRIGADO!

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ORIENTAÇÃO DA ASSESSORIA JURÍDICA DO PROJETO GRAEL SOBRE O SISTEMA DE INCENTIVOS FISCAIS. ACESSE APRESENTAÇÃO

- Mais informações sobre o Projeto Grael: http://www.projetograel.org.br/
- Para mais informações sobre como fazer a doação, faça contato diretamente com o Projeto Grael: joannadutra@rumonautico.org.br
- Publicação no Diário Oficial da União da aprovação dos incentivos fiscais para o Projeto Grael:

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

ATÉ 2012, PORTOS TERÃO QUE SE ADEQUAR AO PROGRAMA DE GERENCIMENTO DE RESÍDUOS

Modelo será apresentado em seminário realizado pela SEP em Brasília

O gerenciamento de resíduos sólidos e efluentes líquidos nos portos brasileiros, apesar das convenções internacionais e da legislação de meio ambiente e de vigilância sanitária em vigor, está longe de ser o ideal, já que os portos estão em estágios diferentes quanto à elaboração, aprovação e execução de seus planos de gerenciamento de resíduos sólidos e sistemas de gerenciamento de efluentes líquidos. Para debater este tema, a Secretaria de Portos (SEP) e o Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig/Coppe/UFRJ) realizam dias 14 e 15 de dezembro, em Brasília, o 1° Seminário de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos e Efluentes nos Portos Organizados Brasileiros, quando será apresentado o Programa de Conformidade Gerencial de Resíduos Sólidos e Efluentes dos Portos, contemplado entre as ações do PAC2, criado pela SEP com o apoio do Ivig para adequar os portos às novas regras de conformidade até 2012.
O resíduo é um risco em potencial à saúde pública e ao ambiente. Quando acumulado permite, por exemplo, condições para o surgimento e a manutenção de criadouros de larvas de insetos, infestação de insetos adultos e outros animais transmissores de doenças, como pombos e ratos. É comum nas áreas portuárias a existência de resíduos dos mais diversos tipos, como sucatas, entulhos, madeiras, material orgânico, cargas mal acondicionadas, material de escritório, material plástico, pilhas e baterias, lâmpadas, além do acúmulo de grãos e resíduos de cargas nos pátios devido ao acondicionamento e limpeza inadequados, durante carga e descarga para transporte ou armazenamento temporário.
Das embarcações que transportam carga ou passageiros ainda são gerados resíduos de cozinha, do refeitório, dos serviços de bordo, além dos contaminados com óleo, resultado das operações de manutenção do navio (embalagens, estopas, panos, papéis, papelão, serragem) ou provenientes da mistura de água de condensação com óleo combustível.
Nos últimos anos, vários alertas internacionais foram divulgados visando o controle de epidemias e a prevenção de pandemias, devido o risco crescente da disseminação de vírus e outros vetores de doenças, como no caso da gripe aviária. A Secretaria de Portos adquiriu autoclaves para funcionamento em portos considerados prioritários, muitos deles, ainda em fase de instalação. Este sistema é capaz de esterilizar resíduos, por meio de pressão de vapor d'água com temperatura igual ou superior a 150°C e serve para tratar os resíduos gerados nas cozinhas e refeitórios dos navios e nas embarcações com origem ou trânsito em países que tenham registrado ocorrência de epidemia de gripe aviária. É uma medida preventiva, caso ocorra algum alerta de propagação de vírus, reduzindo os riscos para a saúde pública.
Prevenção - A legislação é ampla e abrangente, incluindo a aprovação recente do Projeto de Lei que regula a política de resíduos no Brasil. No entanto, os instrumentos de gestão de resíduos nos portos ainda são falhos. Além disso, falta pesquisa aplicada e capacitação de pessoal para tratar o assunto e uma atuação integrada dos órgãos envolvidos. Por isso, é urgente a implementação deste programa de adequação para os portos brasileiros.
A prioridade do programa de conformidade que será apresentado é agir preventivamente, minimizando a geração de resíduos - e com isso controlando a propagação de insetos e animais - e maximizando a reciclagem e a reutilização. O objetivo é evitar custos com remediação de impactos ao ambiente e a saúde e atender as exigências ambientais, agropecuárias e sanitárias.
Diversas ações estão previstas pelo programa, entre elas, apoiar a regularização ambiental (Licenças de Operação) e o cumprimento da legislação e cobrir deficiências institucionais, tecnológicas, de infraestrutura e de capacitação de pessoal. O programa será coordenado pela SEP com a parceria do Ivig/Coppe/UFRJ e executado localmente com a participação de Universidades Federais e consultorias especializadas em total sintonia com as administrações portuárias para atender as particularidades de gerenciamento de cada porto.
Serviço:
Local: Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM/PR) – Setor Policial Sul – Área 5 – Quadra 3 – Bloco K
Data: 14 e 15 de outubro
Horário: a partir das 8 horas

Outras informações: Andrezza Barros – (61) 9994-8791 - Cláudia Moreira – (21) 9978-6486

Torben Grael em entrevista para o jornal O Fluminense

Mestre dos mares: velejador Torben Grael conta seus planos para 2011

Maior medalhista olímpico brasileiro, Grael falou sobre projeto olímpico, volta ao mundo, violência, olimpíadas no Rio de Janeiro, Niterói e investimento para o esporte no Brasil



Maior medalhista olímpico brasileiro - dois ouros (Atlanta-1996 e Atenas-2004 classe Star), uma prata (Los Angeles-1984 classe Soling) e dois bronzes (Seul-1988 e Sidney-2000 classe Star), atual campeão da Regata de Volta ao Mundo, melhor velejador do planeta eleito pela Federação Internacional de Vela (ISAF) e tetracampeão mundial, o niteroiense Torben Grael conversou com a reportagem de O FLUMINENSE na Orla de Búzios, durante a 5ª Regata de Veleiros Clássicos, vencida por ele, e falou sobre Projeto Olímpico, Volta ao Mundo, violência, Olimpíadas no Rio de Janeiro, Niterói e investimento para o esporte no Brasil.

ENTREVISTA Torben Grael

Como você avalia esse seu primeiro ano completo no retorno à campanha olímpica ao lado de Marcelo Ferreira?

Olha, a gente velejou alguns bons eventos, mas velejamos pouquíssimo em termos de horas e dias. Porque eu tinha outros compromissos, o Marcelo também. Além disso, o Marcelo, agora no final do ano teve que operar o joelho, então a gente fica velejando nos eventos, mas não entre os eventos. Não é o ideal porque dificulta pra gente na hora de pegar ritmo, mas os eventos que velejamos fomos bem. Ficamos em terceiro no Sul-Americano e no Mundial, oitavo no Europeu e sexto no Pré-Olímpico. Então, foram ótimos resultados e nos entusiasmam um pouco para continuar tentando uma classificação.

E o que vocês esperam para o ano de 2011?

A gente espera conseguir fazer mais eventos, corrigir mais e evoluir mais, pegar um ritmo novamente e, é claro, precisamos mais de apoio também pra tentar buscar essa vaga.

E sobre o fato de você ter deixado as Olimpíadas de Pequim, em 2008, para participar da Volta ao Mundo. Foi algo pessoal que você gostaria de alcançar, tem algum arrependimento de não ter disputado os Jogos? O que pesa mais para você, a Regata de Volta ao Mundo ou um projeto olímpico?

São decisões que não são nesse ritmo de um ou outro. Depois de 2004, a gente fez a Volta ao Mundo com o Brasil 1, foi em 2005/2006. Aí em 2006/2007 eu fiz a Copa América, então nossa eliminatória durou cerca de seis meses e não é o tempo ideal para chegarmos com uma preparação boa. Então seria uma campanha olímpica não ideal e por outro lado eu tinha a proposta da Ericsson de fazer a Volta ao Mundo com uma equipe de ponta e com grande patrocinador e toda estrutura e com tempo de preparação. E fizemos uma belíssima regata e conquistamos o título. Eu fico contente com minha decisão e acho que foi muito bom.

Sobre a Star ter saído dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O que você, como um dos grandes nomes da vela e da categoria, vai tentar fazer para ajudar a classe a retornar para o Rio-2016?

Vamos tentar defender a classe nos Jogos Olímpicos no Brasil, pois interessa ao COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e a nossa equipe que haja a permanência. E, ao longo dos anos, o País tem tido um destaque na classe. Vendo a Olimpíada aqui no Brasil, acho que os organizadores têm que ter o bom senso.

A violência no Rio pode atrapalhar as Olimpíadas ou você acredita que o País está caminhando para ter sucesso nos Jogos?

A violência não atrapalha somente nos Jogos Olímpicos, mas atrapalha no modo geral todo. É uma coisa que precisa ser enfrentada e não adianta ficar botando a poeira por debaixo do tapete. É uma situação de fato que precisa ser enfrentada e não por causa dos Jogos Olímpicos, ainda mais por causa dos Jogos Olímpicos. É alguma coisa que precisamos encarar com soluções duradouras, não com situações paliativas.

Como você avalia os atletas olímpicos de Niterói, no caso você, o Marcelo, seu irmão Lars Grael, sua filha Martine que se uniu com a Isabel Swan?

Niterói há muito tempo é um grande formador de talento, de bons velejadores. Tem boas condições, boa estrutura de clubes e acho que isso é um dos ilustradores e com iniciativas como a do Projeto Grael, damos oportunidades a outra pessoas, saindo do âmbito dos clubes, deixando mais democrático o esporte.

Para as próximas Olimpíadas, tem algum atleta de outro esporte que você acredita que possa se destacar e conquistar medalhas para o Brasil?

O vôlei é um esporte que tem tido vários resultados expressivos para o Brasil, mas é um esporte que leva grande investimentos com equipes grandes e que responde com poucas medalhas. Por outro lado você tem o boxe, as lutas, a natação, atletismo, que são esportes que têm um número grande de medalhas e deviam receber um apoio maior.

Você acha que o Brasil deve investir em modalidades que transformam várias pessoas em atletas olímpicos, mas trazem menos medalhas ao País ou investir em menos atletas, no caso de forma individual, e que podem trazer mais medalhas? Você acredita que se deve melhorar a quantidade de medalhas do Brasil em Olimpíadas ou formar maior número de atletas olímpicos?

O importante é que o esporte olímpico seja um reflexo do que é o esporte no país e a gente precisa que mais pessoas pratiquem esportes no país e esportes diferentes e que a gente tenha um cardápio variado de ídolos e de pessoas que sobressaem no esporte. Para isso precisamos difundir a prática do esporte no Brasil, e difundindo essa prática, a gente vai estar melhorando a saúde das pessoas e daí o quadro é uma consequência.

Fonte: O Fluminense