sábado, 15 de maio de 2010

ILHAS DE CALOR URBANO: Calor, frescor e os ventos

Ilha de Calor. Região Portuária e Centro do Rio de Janeiro. Alta densidade urbana e verticalização. Foto de Axel Grael.
 

As “ilhas de calor” e “ilhas de frescor” na cidade do Rio de Janeiro são o objeto de estudo do geógrafo Andrews José de Lucena para a sua tese de doutorado sobre o clima urbano da cidade. Segundo o pesquisador, desde as décadas de 1970 e 1980, registrou-se o aumento de temperaturas em todas as estações meteorológicas da Região Metropolitana. Ou seja, independente das mudanças climáticas em escala global, a ciência está comprovando aquilo que todos nós já estamos sentindo na pele: o Rio está cada vez mais quente.
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O motivo é a urbanização extensa, adensada e a verticalização das edificações. O concreto, o metal e o asfalto absorvem o calor do sol e refletem a energia, aquecendo a atmosfera. Segundo o mapeamento feito pelo autor, as áreas mais quentes (ilhas de calor) são: Botafogo, Copacabana, Centro, Tijuca, Ramos, Bonsucesso, Méier e os bairros próximos à Leopoldina - justamente os mais populosos e edificados da cidade.
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Já as ilhas de frescor estão nos bairros mais arborizados e menos densos, como Gávea, Jardim Botânico, São Conrado, o entorno do Parque Estadual da Pedra Branca, do Maciço do Mendanha, Santa Cruz, Sepetiba, Guaratiba, Guapimirim e Magé.
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A poluição também é um fator de aquecimento. A Avenida Brasil e o bairro de Bonsucesso são citados como exemplos. Niterói e São Gonçalo são municípios identificados como exemplo de um fenômeno chamado de arquipélago de calor, com várias ilhas de calor surgindo rapidamente com o crescimento urbano acelerado.
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Muitos velejadores também têm percebido os efeitos do aquecimento da Região Metropolitana do Rio. Quando se chega velejando no Rio de Janeiro, há uma tendência de o vento diminuir à medida que o barco se aproxima da Baía de Guanabara e da área urbana. É como se a cidade formasse um bolsão de ar quente, onde o vento tem dificuldades de romper. Em algumas épocas do ano, nota-se uma total diferença no regime dos ventos (direção, força e intensidade) entre o lado de fora da barra da Baía de Guanabara e no seu interior. Em seu estudo, Lucena alerta também que as ilhas de calor favorecem os temporais locais, típicos dos fins de tarde de verão.
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Uma das formas mais eficientes de evitar o problema e mitigar os seus efeitos é a intensificação da arborização urbana e a preservação das áreas verdes. Nesse aspecto, um excelente exemplo para o Rio de Janeiro é a experiência de Berlim, com a criação do seu bem concebido Plano Paisagístico. Os planejadores da capital alemã idealizaram parques, áreas verdes e a arborização das ruas para induzir a melhor ventilação da cidade e evitar os rigores climáticos e a poluição.
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Da coluna "Rumo Náutico", de Axel Grael. Jornal O Fluminense, Niterói, 15 de maio de 2010.



2 comentários:

  1. Em que lugar exatamente voce tirou essa foto? Gostei muito e queria esse visual para um ensaio fotografico, por favor me informe o lugar pelo meu email: lipevp2005@hotmail.com

    Muito Obrigado!!

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  2. Tirei a foto durante um voo de helicóptero.

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