terça-feira, 6 de março de 2012

Lars Grael: Hidrovia - O Rumo Certo

Eclusa na Hidrovia Teitê-Paraná.

Mapa da Bacia do Tietê-Paraná.


6/3/2012 11:27:41

HIDROVIA TIETÊ – PARANÁ, O BRASIL QUE DEU CERTO!

Como apaixonado da navegação, dos ventos e do mar, sempre ouvia falar na importância sócio econômica das hidrovias. Parecia ficção científica de um mundo desenvolvido e distante do nosso. Algo como o colosso da Hidrovia Reno – Danúbio e dados do Hemisfério Norte que o transporte de carga nos EUA e na Europa por hidrovias, possuía importância simétrica, com o transporte rodoviário e ferroviário.

Tudo muito distante do nosso mundo Brasil. Certo? Errado.

O Brasil num certo momento, planejou e investiu num transporte viável e sustentável com a geração energética, ao conceber a Hidrovia Tietê – Paraná. Ouvia falar, mas logo imaginava tratar-se de algo irrelevante e ao pensar em Rio Tietê, logo vinha a mente, aquele aspecto macabro das águas do Tietê poluídas e emporcalhadas na região metropolitana de São Paulo.

Certa ocasião vi matéria na Revista Náutica que chamava a atenção à expansão da atividade náutica e turística ao longo da Hidrovia Tietê – Paraná.

Em 2003 após concluir a condução da Secretaria Nacional dos Esportes, fui chamado ao meu estado natal SP e assumi a Secretaria de Estado da Juventude, Esporte e Lazer na gestão do Governador Geraldo Alckmin. Neste momento, havia toda uma discussão quanto ao desenvolvimento dos comitês de bacias e uma tentativa de visão integrada de um melhor aproveitamento da hidrovia Tietê – Paraná.

Foi quando o então ex-comandante do 8º Distrito Naval, Almirante Pierantoni Gamboa, partiu para organizar uma expedição viagem pela hidrovia. Recebeu pronta acolhida pelo Prefeito (Nenê) da Barra Bonita. A embarcação, era a confortável “Ana C” do empresário Doiscorreguense Renan Ferro. Na embarcação, ninguém menos que o navegador global e amigo Amyr Klink e representantes de várias outras secretarias como: Planejamento; Transportes; Energia e Recursos Hídricos e até da Casa Civil.

Percorremos cerca de 800 Km desde o embarque em Dois Córregos e a primeira eclusagem em Barra Bonita. Foram dias de contemplação da beleza e da constatação das potencialidades desta Hidrovia que possui ainda ramificações desde o Rio Paranaíba em São Simão (UHE São Simão operada pela CEMIG na divisa de GO e MG), no Rio Grande (UHE Água Vermelha na divisa de SP e MG) e no Rio Paraná desde a junção dos Rios Paranaíba e Grande e até a cidade paranaense de Foz do Iguaçú.

Passamos pelas Usinas Hidrelétricas da CESP e todas com as imprescindíveis eclusas (diques de transposição de níveis) de Barra Bonita > Bariri > Ibitinga > Promissão > Nova Avanhandava. Paramos na cidade de Araçatuba aonde encontrava-se evento do “Governo Presente”chefiado pelo Governador Geraldo Alckmin. Lá trabalhei e fiz visita a Penápolis.

Fizemos uma incursão no monumental canal de Pereira Barreto aonde tivemos um pernoite nesta simpática cidade. No dia seguinte, foi a vez do Rio Tietê encontrar-se com o vigoroso Paraná na cidade de Itapura. De lá, passamos pela eclusas e barragens de Três Irmãos > Jupiá e até chegarmos ao destino final de nossa viagem no município de Presidente Epitácio. Lá, estivemos no núcleo do Projeto Navegar / Navega SP (inclusão social através dos esportes de Remo, Vela e Canoagem) e Amyr Klink proferiu uma palestra.

Experiência inesquecível e com gosto de quero mais! A constatação do milagre da natureza e do homem que em equilíbrio, conseguiu desenvolver prosperidade econômica e meio ambiente. O Rio Tietê que nasce há poucos quilômetros do mar no alto da Serra do Mar em Salesópolis e percorre 1136Km até chegar límpido (acreditem!) ao Rio Paraná em Itapura.

O fenômeno da purificação do Tietê após sair moribundo e fétido da região metropolitana de São Paulo, é que o principal canal dos Bandeirantes, recebe grande contribuição de volume de água de outros rios substancialmente mais limpos e caudalosos através dos fenômenos da: diluição, da filtração (mata ciliar e flora e fauna aquática); oxigenação (quedas d`’agua e das turbinas das usinas hidrelétricas) e da decantação (barragens e represamentos), o Tietê ao chegar na altura de Salles/SP já é cristalino e com aspecto potável.

A Hidrovia Tietê-Paraná ainda é subutilizada e merecia maior atenção nos aspectos do Turismo Náutico, dos Esportes Náuticos, da Irrigação, dos Transportes (de carga e que não construam pontes baixas que impeçam a passagem de barcaças e embarcações), da Energia e do Meio Ambiente.

O sucesso da Hidrovia Tietê – Paraná é estratégico para o desenvolvimento de outras tantas que o Brasil tem por desenvolver. Jamais permitir a construção de usinas hidrelétricas em rios potencialmente navegáveis, sem antes exigir a necessidade da eclusa, assim como em atender as devidas normas ambientais.

Pretendo voltar e navegar com um veleiro no caminho dos Bandeirantes.

Bons Ventos,
Lars Schmidt Grael

Fonte: http://www.larsgrael.com.br/

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