segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Torben revela preocupação com vela brasileira e a Baía de Guanabara

Torben critica a poluição da Baía olímpica

O velejador Torben Grael teve participação no importante seminário "2016 e o salto do esporte brasileiro" organizado hoje pelo jornal O Globo e que contou com a participação do ministro do Esporte Aldo Rebelo, com o técnico da seleção de vôlei Bernardinho e o técnico da seleção de basquete Rubén Magnano.

Em sua palestra, Torben chamou a atenção para o problema da poluição da Baía de Guanabara. A despoluição foi uma promessa da candidatura olímpica do Rio. O cumprimento da promessa é uma oportunidade, um dever e uma responsabilidade para permitir que o Rio continue sonhando depois de 2016. O não cumprimento desmoralizará a cidade para futuros pleitos e desperdiçará o momento único que temos para conquistar o sonho de toda a população do Rio de Janeiro de ver o nosso cartão postal recuperado.

Axel Grael

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Torben Grael se mostrou preocupado com a raia olímpica para 2016. Ivo Gonzalez / Agência O Globo.

Bicampeão olímpico chegou atrasado ao seminário por conta de saco que plástico ficou preso no leme do barco
RIO – Dono de cinco medalhas olímpicas, sendo duas de ouro em Atlanta-1996 e Atenas-2004, o velejador Torben Grael revelou nesta segunda-feira a sua preocupação com o futuro do esporte e a raia que o Rio de Janeiro pretende usar nos Jogos Olímpicos de 2016.

Torben chegou atrasado no seminário “2016 e o salto do esporte brasileiro” realizado em um hotel em Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro, porque um saco plástico ficou preso no leme do barco em que velejava na Baía de Guanabara. O iatista viu a situação como um sinal de alerta para 2016.

- A Marina da Glória continua hoje no mesmo estágio de antes. Essas coisas preocupam a gente. O que aconteceu comigo hoje acontece na competição. Tem um monte de coisa flutuando na Baía de Guanabara, para não dizer outras coisas. Aquilo (o saco plástico) prende e acaba com a performance do barco. Você tem que parar o barco para tirar aquilo e isso pode definir o vencedor de uma competição. Em nível local, isso não é muito importante, mas se acontecer nos Jogos será desagradável - afirmou.

O painel era para o iatista falar sobre o sucesso olímpico da vela. Mas ao contrário disso, Torben preferiu focar nos problemas do presente e do futuro.

- Se os Jogos fossem hoje, (a Baía de Guanabara) seria, com certeza, o local mais poluído da história dos Jogos. Tem um programa de despoluição da Baía que em 20 anos não conseguiu (despoluir). A tarefa agora não será fácil – disse Torben, afirmando que no Pan de 2007 foi adotada uma solução paliativa para diminuir a emissão de poluição no local.

"Se os Jogos fossem hoje, (a Baía de Guanabara) seria, com certeza, o local mais poluído da história dos Jogos".
Ao lembrar do passado, Torben preferiu comparar com o presente e lembrou que os seus filhos hoje têm mais dificuldades para velejar do que ele tinha há 20 anos.

- É uma vergonha que um esporte com os resultados que tem a vela (é o segundo maior medalhista atrás do judô), hoje seja muito mais difícil para os meus filhos fazerem uma campanha olímpica do que foi para mim. Ele (o presidente do COB) acha que não, mas para mim é mais difícil, pois temos as mesmas condições que eu tive e lá fora o pessoal foi para frente. Ou seja, o que era difícil para mim, para eles passou a ser mais.

"É uma vergonha que um esporte com os resultados que tem a vela, hoje seja muito mais difícil para os meus filhos fazerem uma campanha olímpica do que foi para mim".
Torben também lamentou a diminuição do número de pessoas velejando no país. Ele lembra que quando ele começou precisava disputar uma seletiva regional para competir no Campeonato Brasileiro contra mais de 200 barcos.

- Eram 30 barcos do Rio de Janeiro, hoje não tem 30 barcos para o Brasileiro.

"Li uma estatística que o time inglês gastou menos recursos do que nós gastamos no último quadriênio".
E defendeu que os maiores incentivos sejam voltados para os esportes olímpicos.

- Temos várias competições que eu não sei se deveriam estar debaixo do guarda chuva da lei de incentivo como o UFC, rampa de skate, uma série de coisas que tem gente pagando ingresso, televisão. Ela devia ficar mais direcionada aos esportes olímpicos. Li uma estatística que o time inglês gastou menos recursos do que nós gastamos no último quadriênio, o que não faz sentido ao ver o resultado deles e o nosso (em Londres) – concluiu.

Fonte: O Globo

Um comentário:

  1. Esta discussão tem várias vertentes.No caso aponta para a questão da poluição que não seria, necessariamente, o fator principal, necessariamente, para uma retração da prática da vela.Possivelmente na maioria das situações nas quais a vela teve esta retração não se deveu às condições ambientais. Não, pelo menos, aqui no Rio Grande do Sul.Por outro lado de que vela estamos falando? Não entendo que a vela se restrinja à vela de competição.Este talvez seja um erro que ainda se incorra em clubes nos quais se quantifica a importância da vela pelo número de troféus conquistados.Enfim, esta discussão se estende, daria um artigo ( já escrevi alguns)mas é muito válido mantê-la aberta.
    Saudações Flotilhenses
    Paulo Renato Baptista
    www.flotilha.com
    www.museudobarco.com

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