segunda-feira, 6 de julho de 2015

VERENA ANDREATTA, SECRETÁRIA DE URBANISMO E MOBILIDADE DE NITERÓI, FALA SOBRE A TRANSOCEÂNICA

 
Com duas galerias e ciclovia, o túnel Charitas-Cafubá terá 1,3 quilômetro e vai reduzir o tempo de viagem entre 11 bairros da Região Oceânica e a estação dos catamarãs em Charitas - Divulgação/ Prefeitura de Niterói

Início das obras da Transoceânica interdita trecho da Estrada Francisco da Cruz Nunes

Trânsito ficará em meia pista entre o Posto Monza e o acesso ao Engenho do Mato. Perfuração do túnel começa terça-feira

por Paulo Roberto Araújo 

NITERÓI — A Estrada Francisco da Cruz Nunes, principal via da Região Oceânica de Niterói, começará a ser transformada em avenida no próximo dia 14, uma semana após o início da perfuração do túnel Charitas-Cafubá, marcado para esta terça-feira. Serão usados 150 quilos de explosivos na primeira detonação da galeria de 1,3 quilômetro, que estará totalmente perfurado no prazo de um ano, segundo estimativa da prefeitura. A pista de subida da Francisco da Cruz Nunes será interditada e o trânsito fluirá em mão dupla, em meia pista, entre o Posto Monza e o quartel do Corpo de Bombeiros, na entrada do Engenho do Mato.

As duas obras marcam o início da construção da Transoceânica, que terá 9,3 quilômetros, de Itaipu a Charitas e vai atender 11 bairros. Orçada em R$ 310 milhões, a obra será feita em dois anos, e a previsão é que beneficie cerca de 70 mil moradores da Região Oceânica, cuja população cresce à taxa de 23% ao ano, enquanto a cidade registra crescimento populacional de 6%.

Na Francisco da Cruz Nunes, começarão as obras do primeiro trecho do sistema BHLS (Bus of High Level of Service), através do qual os ônibus farão o percurso de Itaipu a Charitas em 25 minutos — atualmente o trajeto, pela Estrada da Cachoeira, dura uma hora. A Transoceânica terá duas faixas (três em alguns trechos) para os veículos; uma exclusiva para os ônibus; 13 estações — no centro da via, para embarque e desembarque de passageiros dos coletivos — e ciclovia. No sistema BHLS, diferentemente do BRT, é possível embarcar e desembarcar pelos dois lados dos ônibus, que terão capacidade para transportar até 78 mil passageiros por dia.

— O projeto muda o conceito viário da região, que deixa de ser rodoviarista: a estrada vira avenida. Com a melhoria da qualidade de espaço público urbano, segurança, ciclovias e praças com bicicletários, as pessoas serão estimuladas a caminhar e trocar o carro pelo ônibus em seus deslocamentos. O projeto também prevê a fiação subterrânea em todo o trecho, o que vai beneficiar a expansão do paisagismo ao longo da Transoceânica — explicou a secretária municipal de Urbanismo e Mobilidade, Verena Andreatta.

A expectativa dos técnicos da prefeitura, após a conclusão das obras, é de uma redução de 10% a 15% do fluxo de carros na Região Oceânica, onde existem 21.800 domicílios. Estudos recentes revelam que 39% dos moradores da região usam o carro, índice maior do que o registrado no Grande Rio, que é de 23%. Secretário da Região Oceânica, Carlos Roberto Boechat diz não ter dúvidas de que grande parte dos moradores vai trocar o carro pelo ônibus devido à economia de tempo e dinheiro. Com o túnel, a velocidade média na Estrada da Cachoeira passa de 10km/h para 20km/h ou 30km/h, dependendo do movimento na via.

— Nas ruas, as pessoas comentam que vão deixar o carro em casa. Vão deixar de gastar com combustível e estacionamento e se livrar dos engarrafamentos — disse Boechat.

O bancário Fábio Ramos, que mora em Camboinhas e trabalha no Centro do Rio, deixou de usar as barcas porque demorava mais de uma hora para chegar ao Centro. Passou a optar pelo catamarã, mas em dia de trânsito ruim também perde quase uma hora para chegar a Charitas e ainda procurar vaga para guardar o carro. Ele pretende trocar o carro pelo ônibus se o sistema BHLS funcionar como está sendo anunciado:

— Com o túnel, além de chegar mais rápido ao destino não vamos ter mais que passar por locais perigosos como atualmente. Para sair de Itaipu e Camboinhas só temos uma saída, pelo Cantagalo. Para chegar, temos que passar pela Serrinha, que não é muito segura. Todos esperam que a Transoceânica melhore a segurança e alavanque a atividade econômica na região. Ninguém vem fazer um negócio, procurar um médico ou um dentista aqui porque o trânsito é sempre caótico — lamentou o bancário.

Oscar Motta, do movimento S.O.S. São Francisco, reclama que até hoje os moradores de São Francisco e Charitas não têm conhecimento dos impactos, principalmente no trânsito, que a Transoceânica vai provocar nos dois bairros.

— Todos conhecem o projeto do túnel, mas até agora não se falou nos impactos nem nos planos urbanísticos para os dois bairros, que vão receber os carros da Região Oceânica. A comunidade e o comércio também não foram ouvidos sobre a mudança de localização do estacionamento subterrâneo de Charitas, que deveria ser construído em frente à estação dos catamarãs.

Verena garante que o túnel não vai causar impacto negativo nos bairros:

— O túnel vai diluir o fluxo e acabar com o engarrafamento diário da Estrada da Cachoeira. Com a Transoceânica, o número de carros e ônibus nos dois bairros vai diminuir porque parte dos moradores optará pelo conforto do transporte público. A previsão é de um aumento de 500 carros por dia, procedentes do túnel em direção ao Centro. Este volume será absorvido sem problemas pelas vias da orla, ainda mais depois que perderem fluxo com a inauguração do túnel.

Ainda segundo a secretária, o projeto da Transoceânica prevê obras de drenagem em todo o trecho, e o projeto executivo mudou a previsão inicial do destino das pedras que serão retiradas do túnel no decorrer da perfuração. Na previsão inicial, seriam reaproveitados na obra apenas 20% em forma de brita. Com a alteração, este aproveitamento subiu para 60% dos 290 mil metros cúbicos de pedras que a obra vai produzir. O restante vai para uma pedreira em São Gonçalo.

No dia 14, a NitTrans vai mobilizar mais de 50 agentes de trânsito para orientar os motoristas na Francisco da Cruz Nunes. Nos dias anteriores, o local será sinalizado. Verena Andreatta afirmou que os problemas financeiros enfrentados pelo governo federal não colocarão em risco o andamento das obras da Transoceânica:

— Todos os recursos estão empenhados e garantidos. Não há qualquer hipótese de a obra atrasar ou não acontecer.
Fonte: O Globo Niterói

 
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