segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Por uma vida mais saudável e rápida: Vá de Bike!



Desde que passou a usar a bicicleta no seu dia a dia, Jaqueline Deister levanta a bandeira dos ciclistas. Foto: Mariana Pimenta


Em Niterói, a proporção é de um carro para cada dois habitantes, considerando que a frota já ultrapassou a marca de 260 mil para 492 mil pessoas, segundo dados do IBGE

O brasileiro que mora em cidades mais movimentadas e usa o carro diariamente leva, em média, 38 minutos para se deslocar de casa para o trabalho, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em Niterói, a proporção é de um carro para cada dois habitantes, considerando que a frota já ultrapassou a marca de 260 mil para 492 mil pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Tudo isso fica ainda mais assustador depois que o Ministério do Meio Ambiente constatou que os carros são responsáveis por 76% da poluição nas cidades, através da emissão de gás carbônico e outros poluentes.

Mas há quem consiga ver o trânsito fluir sem nenhuma dificuldade, sem enfrentar congestionamento e, de quebra, estar em contato com a natureza. Eles estão por toda a parte e levam a vida sem grandes complicações, embora ainda sejam minoria. Jornalista de 26 anos, Jaqueline Deister é uma representante dos ciclistas.

“Eu sou de Petrópolis e vim para Niterói em 2006 quando passei para a faculdade. Quando cheguei, fui morar em uma área um pouco distante do campus. Comecei a descobrir a melhor maneira de ir às aulas gastando o menor tempo possível. Pegar ônibus e enfrentar o trânsito parado, além do gasto, foi logo descartado. Então, pensei em comprar uma bicicleta para economizar tanto em tempo quanto em dinheiro. Foi a melhor opção!”, conta Jaqueline.

Desde que “levantou esta bandeira” e começou a usar a bicicleta como meio de transporte em Niterói, Jaqueline enfrentou algumas dificuldades.

“As pessoas não estão muito acostumadas com ciclistas circulando pelas ruas. Eu já passei muita situação complicada. Uma vez, um carro se jogou em cima de mim, fazendo com que eu quase caísse e, sem nenhuma explicação, foi embora. Fui atrás para tentar entender o que tinha acontecido. Quando fui indagá-lo, ele me respondeu que eu estava muito no meio da rua e tentou me dar um ‘chega pra lá’ para que eu saísse do seu caminho. Eu fiquei chocada pelo ato de agressividade”, conta, inconformada com a atitude do motorista.

Argus Caruso é coordenador do projeto “Niterói de Bicicleta”. Foto: Mariana Pimenta

Niterói vem se adaptando no que diz respeito a acolher e dar condições aos ciclistas. O projeto “Niterói de Bicicleta”, promovido pela Prefeitura, é coordenado pelo arquiteto e urbanista Argus Caruso, que teve a oportunidade de dar a volta ao mundo durante quatro anos em cima de uma bicicleta.
 
“Inicialmente, o objetivo é mostrar para a população o quão custoso pode ser a presença de um carro no trânsito de uma cidade, e que a bicicleta surge como forma alternativa de transporte, fugindo desse caos urbano”, destaca Argus, que há três meses vem se dedicando ao projeto, remarcando, com a ajuda dos próprios ciclistas, pontos na cidade para que a malha cicloviária seja estendida.
 
Mais do que ações efetivas de condições básicas para um ciclista circular de maneira segura, é preciso preparar o motorista para conviver em harmonia. 
 
“O ‘Niterói de Bicicleta’ tem, dentre tantos outros pontos principais, a reeducação da população. Assim como o ciclista, o motorista precisa saber o limite do espaço físico do carro e precisa respeitar essa limitação”, destaca Argus.
 
Educação é a palavra de ordem para que a convivência seja proveitosa. “Também tem muito ciclista sem noção que vai pela calçada e inibe o pedestre... O trânsito é convivência. Motorista, ciclista e pedestre precisam respeitar os limites de cada um”, opina Jaqueline.
 
Além de uma solução para a mobilidade urbana, a bicicleta é uma opção saudável. As pedaladas no cotidiano rendem um ganho de saúde, além do controle do peso e da pressão arterial. Tudo isso beneficia até a melhora no sono e no humor. 
 
“O principal benefício é a perda calórica. Quarenta minutos de pedalada, de leve a moderada, queima o equivalente a 300 calorias. A atividade regular condiciona a função cardiovascular e contribui para regular os níveis de colesterol e pressão arterial. Além de estimular a respiração correta”, ressalta o cardiologista Leandro Lobo.
 
Mas é preciso que os iniciantes respeitem alguns limites. “Quem mantém uma rotina sedentária deve percorrer distâncias menores até se acostumar com o percurso total. Escolher uma bicicleta confortável também é indispensável para que a atividade seja, acima de tudo, prazerosa”, completa o médico, alertando ainda para a necessidade de o ciclista estar atento ao material de segurança.
 
 
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